As direções do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudiam publicamente a decisão do Grupo Estado em fechar, sem nenhum aviso prévio e de maneira irresponsável, o histórico Jornal da Tarde, na tentativa de decretar também a demissão de dezenas de jornalistas.
A atitude desrespeitosa e a prática antissindical da empresa só foram impedidas pela ação imediata do Sindicato que, além de mobilizar os jornalistas que decidiram entrar em “estado de greve”, recorreu à mediação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) para preservar empregos e garantir negociação direta com os diretores do grupo.
Só na tarde desta segunda-feira (29), durante a audiência de conciliação, é que os representantes do JT anunciaram oficialmente o fechamento do jornal no dia seguinte. Antes disso, cobrada pelo SJSP as respostas da empresa eram evasivas, mesmo diante do fato de a redação do JT e o Sindicato tomarem conhecimento da suspensão da venda de anúncios e de assinaturas pelo Departamento de Publicidade, já ciente de que a publicação deixaria de circular.
Mais do que repudiar o fechamento de uma publicação histórica, a luta do Sindicato e da Fenaj é pela garantia de emprego dos trabalhadores, impedindo a demissão em massa na calada da noite, o que viola leis internacionais do trabalho e as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A direção do SJSP exigiu, na mesa de negociação no TRT que, mesmo com o encerramento das atividades do JT, os trabalhadores sejam remanejados para outros veículos do Grupo Estado, impedindo a demissão em massa.
O acordo fechado pelo Sindicato no TRT garante estabilidade de emprego para todos os jornalistas do grupo até o final de novembro, formação de uma Comissão de Negociação tripartite para buscar solução para o impasse criado pela empresa, além de autorização para continuar a realizar assembleias na redação.
A audiência foi acompanhada pelo Ministério Público do Trabalho que defendeu a reivindicação do SJSP e ratificou a necessidade de reaproveitamento de todos os jornalistas do JT pelo Grupo Estado. Fez mais: ao tomar conhecimento de contratos de PJs, o MPT afirmou que deve entrar imediatamente com uma acusação por fraude nas relações de trabalho contra o grupo.
Em uma época que o Brasil procura conhecer toda a verdade de um passado recente, é inadmissível que um dos principais grupos de Comunicação do país atente contra a verdade e aposte na demissão em massa. Principalmente porque discursa ser defensor das liberdades democráticas, mas adota práticas autoritárias de um passado que o povo brasileiro não quer de volta.