Dirigente do Sindicato dos Jornalistas relata ataque da PM aos manifestantes
A marcha à Brasília da última quarta-feira (24) reuniu mais de 200 mil pessoas de todo o país num protesto democrático contra as “reformas” trabalhista e previdenciária que tramitam no Congresso Nacional.
Pacificamente, os milhares de participantes se organizaram e se mobilizaram na capital federal, mas, novamente, desrespeitando a liberdade de expressão, a ação da Polícia Militar (PM) foi truculenta, deixando dezenas de feridos, entre os quais crianças que acompanhavam seus familiares no protesto.
O quadro se agravou diante da convocação das Forças Armadas pelo presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB), que justificou a medida para “garantia da lei e da ordem” e a pedido de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara.
Diretor da Regional Bauru do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Ricardo Santana integrou a delegação dos sindicatos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e relata que a truculência da PM começou já na chegada dos manifestantes ao Distrito Federal.
“Desde a chegada a Brasília, o clima era de confronto com quem veio de fora para a Marcha. Na rodoviária, um policial da PM do Distrito Federal nos abordou dando o recado de que nós não estávamos em nossa cidade e que, portanto, não seria tolerado qualquer tipo de manifestação”, diz Santana.
Os manifestantes saíram em marcha do Estádio Mané Garrincha no final da manhã e, segundo o dirigente, o confronto começou no início da Esplanada dos Ministérios, com pessoas infiltradas atacando os policiais, que revidaram com balas de borracha e gás de pimenta e apoio da Cavalaria e da Tropa de Choque.
“Houve uma grande correria no gramado, nas imediações e muitas pessoas ficaram feridas. A nuvem de gás era insuportável e muita gente teve dificuldade para respirar”, afirma o sindicalista.
Um dos feridos foi Matheus Versátil, da Frente Anarquista Libertária de Bauru, atingido por uma bomba na coxa esquerda.
Houve outro ataque da PM, desta vez com reforço de helicópteros, atingindo os manifestantes que estavam nas proximidades da rodoviária, a mais de três quilômetros da Esplanada dos Ministérios.
“A tropa de choque mandando bala de borracha e gás. Numa ação para ’empurrar’ os manifestantes na direção do Estádio Nacional, coisa que já ocorria pacificamente”, conclui.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil