Há alguns anos atrás, quando as manifestações de rua que ocorreram a partir de junho de 2013 recrudesceram, a Polícia Militar de São Paulo vinha cometendo, seguidamente, agressões contra jornalistas que cobriam esses movimentos. O Sindicato dos Jornalistas convocou, então, um ato de repúdio em protesto a tantas agressões contra profissionais da imprensa, que se realizou no emblemático Auditório Vladimir Herzog.
O auditório estava lotado, com muitos jornalistas condenando as agressões policiais que feriram inúmeros colegas. Compondo a mesa do ato, entre outros jornalistas comprometidos com o jornalismo e com os jornalistas estava Audálio Dantas.
Todos falaram em defesa da liberdade do exercício profissional, da liberdade de expressão, do direito à informação, da liberdade de imprensa e do direito do jornalista trabalhar sem ser agredido por forças do Estado.
O microfone chega às mãos de Áudálio. Ele se levanta e, com a firmeza e a delicadeza que o caracterizavam, mas com a mais profunda e aguda contundência, adverte para não se esquecer que as agressões desferidas pela Polícia contra os jornalistas eram as mesmas que o povo recebia cotidianamente nas favelas da periferia de São Paulo.
Logo na abertura da sua fala, Audálio Dantas redimensionou a pauta do ato, recuperou um dos misteres mais nobres do jornalismo, descortinou naquele momento de tensa comoção e revolta a amplitude do compromisso profissional do jornalista e o significado da profissão que existe para defender a sociedade e os mais frágeis, que lutam para sobreviver às suas injustiças.
Continuou seu discurso com a coragem, a consistência e o brilho de sempre. Era o Audálio Dantas que todos conheciam, morto há dois anos.
Audálio presente, sempre!
Direção do SJSP