Sindicatos dos Jornalistas e dos Administrativos conquistam suspensão de dispensas até do julgamento do dissídio
A luta dos jornalistas do jornal A Tribuna de Santos contra as demissões realizadas pela empresa na semana passada surtiu o primeiro efeito na Justiça: o vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), desembargador Wilson Fernandes, decidiu que a empresa não pode mais realizar demissões até o julgamento das ações impetradas pelos Sindicatos dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e dos Administrativos. Em caso de descumprimento, a empresa pagará R$ 15 mil de multa a cada demitido.
A decisão foi tomada após instauração de dissídio no tribunal, ocorrida por solicitação dos sindicatos de não aceitarem as demissões em massa realizadas pela empresa e forçarem uma negociação. A posição do Sindicato dos Jornalistas, adotada em assembleias e também nas manifestações em frente à empresa, era a de exigir a suspensão das demissões, com a reintegração dos profissionais, inclusive dos dirigentes sindicais Glauco Braga (diretor da Regional de Santos e da Baixada Santista) e Reynaldo Salgado (diretor de base) para a abertura de negociação entre as partes. Como não houve acordo, o desembargador encaminhou o julgamento do dissídio, que deve ocorrer no dia 23 de julho, impedindo até lá qualquer nova demissão na empresa.
Também foram interrompidas as negociações da Campanha Salarial de Jornais e Revistas do Interior e Litoral até que haja uma solução negociada para a crise em A Tribuna.
A luta pelo emprego
No dia 7 de julho, A Tribuna de Santos demitiu 30 trabalhadores incluindo dois dirigentes sindicais. No dia seguinte, o Sindicato organizou um ato de protesto em frente à empresa repudiando as demissões em massa promovidas arbitrariamente pela empresa, sem nenhuma comunicação prévia à entidade sindical. Na manifestação participaram sindicalistas da CUT Baixada Santista e lideranças da Frente de Esquerda que manifestaram solidariedade à luta do Sindicato contra as demissões e repudiaram a atitude dos donos do jornal.
Em reunião com direção da empresa, o presidente do SJSP, Paulo Zocchi, e o secretário do Interior e litoral, José Eduardo Souza, apresentaram a posição da entidade de não aceitar as justificativas para as demissões e exigir a reintegração imediata de todos, principalmente dos sindicalistas, já que se tratava de uma prática antissindical.
O SJSP condenou também o fato de a categoria estar em plena Campanha Salarial e afirmou que não admite a tentativa de intimidação, principalmente o corte de pessoal com a desculpa de “reestruturação”. Também alegou que a arbitrariedade da empresa com as demissões teria reflexos diretos na negociação da Campanha Salarial, que acabou sendo interrompida. No dia 15, o Sindicato repetiu a manifestação em frente da empresa. Também a Federação Nacional dos Jornalistas se pronunciou através de nota contra as demissões no jornal A Tribuna de Santos.
Legenda – manifestação em frente ao jornal A Tribuna
Foto de Vitor Ribeiro