O jornalista Juca Kfouri foi absolvido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que julgou improcedente a ação movida por José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), contra o profissional.
O jornalista foi processado por injúria depois de uma série de textos escritos por ele e publicados em seu blog, que tratavam de assuntos como o envolvimento de Marin com o “caso Herzog”, com o torturador Sérgio Fleury, com a medalha embolsada na final da Taça São Paulo em 2011, apropriação de um terreno público, entre outras.
“No caso dos autos, não há qualquer controvérsia sobre o teor das palavras proferidas pelo Querelado. Há, delas, reprodução dos autos. E sobre o teor das palavras, as partes sequer controvertem. E o teor é, em princípio, claramente ofensivo, agudamente crítico, inclusive no que tange à conduta pessoal (e honorabilidade) do Querelante”, comentou o juiz José Zoéga Coelho na decisão.
Kfouri se pronunciou à imprensa dizendo que a ação era uma clara tentativa de intimidá-lo. “É uma grande alegria [o resultado da justiça]. A fundamentação do juiz é exemplar. O Marin está evidentemente, a exemplo do fazia o Ricardo Teixeira, tentando me intimidar, ver se eu não escrevo mais sobre ele. É muito confortável para ele fazer isso”, comentou.
Rose Nogueira, diretora do Conselho de Diretores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, e que depôs a favor do jornalista disse que “Juca teve a coragem de denunciar e publicar os discursos de Marin na Assembléia Legislativa de São Paulo quando era deputado, em 1975, onde ele dedava Vladimir Herzog abertamente e pedia repressão ao telejornalismo da TV Cultura, dirigido por Vlado, que acusava de subversivo, comunista, aquelas coisas que conhecemos bem. Isso, mais as notas do então jornalista dedo-duro chamado Claudio Marques, que escrevia “O hotel da rua Tutóia (Doi-Codi) está esperando a turma da TV Viet Cultura…” mais as ligações dele e outros deputados com a repressão levaram, com certeza, à prisão, tortura e morte de Vladimir Herzog”.
E continua: “Tive a honra de participar do telejornal Hora da Notícia junto com Vladimir Herzog e outros bons companheiros. Fui testemunha de defesa do Juca. Hoje é um dia de festa para o meu coração. Em tempo: o dedo-duro foi expulso do Sindicato dos Jornalistas numa grande assembleia da nossa categoria”.
Foto – Blog do Juca