Um rapaz de 23 anos foi baleado no último sábado (25) na mesma região onde ocorria o protesto contra os gastos públicos com a Copa do Mundo. A Polícia Militar confirma que abordou dois homens em “atitude suspeita” no Higienópolis, região central, e alega que um deles portava explosivos na mochila. A Secretaria Estadual de Segurança Pública acusa ainda que o rapaz baleado reagiu à abordagem policial usando um estilete e por isso tomou três tiros – dois no peito e um na virilha. Agora, ele está internado na Santa Casa, próximo dali, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em estado grave.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o rapaz foi socorrido pelos próprios PMs antes da chegada do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), o que contraria a orientação oficial para este tipo de ocorrência. Segundo a norma, o transporte deve ser feito preferencialmente pelo serviço médico de emergência, medida que visa a impedir a descaracterização da cena da ocorrência.
O outro rapaz foi capturado para o 4º Distrito Policial (DP), no bairro Consolação, onde o caso foi registrado como resistência, lesão corporal e desobediência. O caso está sendo investigado pela Corregedoria da PM e pela Polícia Civil. O delegado requisitou exame pericial para o local e para os objetos apreendidos e exame residuográfico para os policiais militares.
Este não foi o único episódio violento registrado durante o ato “Se não houver direitos, não vai haver Copa”, convocado pelas redes sociais por coletivos que acompanham os preparativos para o Mundial de junho. Segundo a PM, 2.500 pessoas se concentraram no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, por volta de 15h.
Em seguida, os manifestantes desceram a Avenida Brigadeiro Luis Antônio em direção ao centro, onde chegaram no Largo São Francisco e passaram pela prefeitura, no Viaduto do Chá. A manifestação começou a ganhar tensão em frente ao Teatro Municipal, onde ocorria uma feirinha gastronômica em virtude do aniversário da cidade. Na sequência houve uma explosão e começou um corre-corre.
Quando a marcha seguida pela Consolação, novamente em direção à Paulista, apareceram viaturas da Tropa de Choque da Polícia Militar e teve início a depredação de latas de lixo e caçambas por manifestantes. Militantes encapuzados quebraram ainda caixas eletrônicos em três agências e uma viatura da Guarda Civil Metropolitana, segundo estatística da PM, que confirmou a detenção de 128 pessoas, todas liberadas após registro de boletim de ocorrência no 78º Distrito Policial.
Um pouco mais tarde, a PM encurralou manifestantes em um hotel da Rua Augusta. Sem saída, perto da Rua Marquês de Paranaguá, os participantes entraram no edifício, onde acabaram reprimidos com disparos de balas de borracha a curta distância e bombas de gás, como mostra o vídeo abaixo, compartilhado no perfil do Mídia Ninja no Facebook.
Na tarde do aniversário de 460 anos da capital, em torno de duas mil pessoas se reuniram na Avenida Paulista para o primeiro de uma série de atos para protestar contra a realização do Mundial da Fifa.
por Rede Brasil Atual. Foto: Vanessa Nicolav/Rede Brasil Atual