Profissionais se organizam para criar comissão contra assédio moral e sexual dentro das empresas
Uma lista de ações a serem desenvolvidas nos próximos meses é o resultado da roda de conversa sobre o assédio realizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), em parceria com o Centro de Estudos Barão de Itararé nesta quinta-feira, 7.
Estiveram presentes diretoras e diretores da entidade, convidadas, e profissionais do setor, entre elas as jornalistas fundadoras da campanha “Jornalistas Contra o Assédio”, a secretária de Mulheres da CUT/SP, Ana Firmino, e a advogada e co-fundadora das juízas Rede Feminista de Juristas, Marina Ganzarolli.
O evento foi motivado pela divulgação do caso de assédio sexual praticado por MC Biel contra a estagiária de jornalismo do IG, cujo nome está sendo preservado, durante uma entrevista, e sua demissão pelo veículo, logo após o ocorrido, assim como a editora-executiva responsável pela publicação do caso no portal. “Só com a união das mulheres que passam por isso todos os dias durante o exercício da profissão, a conscientização dos homens e a punição dos culpados, vamos conseguir desnaturalizar o assédio”, afirmou na diretora do sindicato Márcia Quintanilha.
Apesar do consenso de que nenhuma rescisão financeira é capaz de aplacar a humilhação da vítima de assédio, o pagamento de multas, danos morais entre outros é pedagógico para assediadores e empresas de comunicação, uma vez que o assédio, especialmente o sexual, é resultado da desigualdade entre homens e mulheres que permeia todas as relações sociais. “A violência contra a mulher no trabalho é a expressão máxima da desigualdade material”, afirmou a advogada Marina Ganzarolli.
Entre as ações definidas pelo grupo estão distribuir cartilha sobre leis e direitos em caso de assédio nas redações, a refundação da Comissão de Mulheres do SJSP, a criação de um canal de denúncia para jornalistas, a realização de uma pesquisa pública sobre o tema entre os profissionais. “Discutir e combater a violência contra a mulher nos locais de trabalho e entender como o sindicato pode combater os assédios com as profissionais de comunicação é papel da entidade e não vamos nos furtar de cumpri-lo”, garantiu o presidente do SJSP, Paulo Zocchi.
O Sindicato convoca IG para reunião
Para a direção do Sindicato, o IG expôs a estagiária desde o momento que a empresa escalou a estudante de jornalismo para realizar cobertura sem supervisão de um jornalista, obrigando-a a exercer o papel de um profissional. A demissão por parte da empresa, mesmo após divulgar o ocorrido e publicar nota em todas as matérias afirmando que “o Portal IG e seus funcionários repudiam qualquer forma de assédio ou agressão à mulher”, é uma forma de ampliar a violência contra a vítima, causando novas perdas, possivelmente por pressão do agressor e de seus representantes comerciais. Por isso, com base no Direito de Acesso às Informações, o sindicato protocolou junto à empresa um pedido de reunião emergencial para sexta-feira, 8, na sede da entidade, para esclarecimentos sobre o ocorrido, a dispensa da estudante e da editora responsável pela divulgação do caso e as condições de trabalho dos estagiários do portal.