
Jornalistas de Jornais e Revistas da Capital participaram na última terça-feira, 27, de uma palestra de treinamento específico sobre segurança em coberturas de risco. A aula, que é fruto das reuniões do Grupo de Trabalho, formado por representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e Sindicato Patronal de Jornais e Revistas (Sindjore), foi realizada na sede da Editora Abril, foi dada por um instrutor profissional com 23 anos de experiência em treinar jornalistas que trabalham em ambientes hostis e de risco. Ele integra os quadros do International News Safety (INSI)e ministrou o curso ao lado de Mônica Marques, jornalista da Rede Globo, que já participou de cursos no Rio de Janeiro e agora participa dos treinamentos ao lado do instrutor.
A palestra começou com a seguinte frase: jamais fiquem sozinhos e se identifiquem como imprensa. E durante toda a sua duração, isso foi repetido muitas vezes aos participantes. Os instrutores sugerem sempre o trabalho em grupo, “formem um escudo humano”, completa Mônica. Para eles, as coisas mais importantes para a segurança dos profissionais são o grupo e uma “mochila de utilidades”.
A mochila deve levar todos os itens importantes para segurança do jornalista, como os equipamentos de segurança (colete à prova de balas, capacete e máscara de gás lacrimogêneo), medicamentos essenciais e bateria extra para o celular, mas alguns itens são essenciais. São eles: kit de primeiros socorros, água, lanche e um lenço.
Com a água, além de se manter hidratado, o profissional deve, em caso de gás lacrimogêneo, encharcar o lenço e colocá-lo sobre o rosto. Outra situação em que a água e o lenço podem ser muito úteis é em caso de queimaduras. Quando houver este tipo de ocorrência, de novo encharque o lenço e, com cuidado, cubra o local queimado. Isso impede que a parte machucada continue queimando, até que chegue o resgate ou que a pessoa seja levada ao hospital.
Ainda no assunto “gás lacrimogêneo”, os jornalistas que participaram da palestra receberam outras dicas. Primeiro, foram informados de que camiseta, cabelo, maquiagem e lentes de contato retém o gás. Sendo assim, é bom prender o cabelo, não usar maquiagem, trocar a lente de contato por óculos – ele ainda irá te proteger de balas de borracha, então o óculos de sol pode ser utilizado caso o jornalista não necessite usar o de grau -, e vestir duas camisetas, pois quando sair do ambiente de conflito, o profissional pode retirar a de cima, onde o gás foi retido. Outra dica que vale a pena anotar ainda sobre o gás é: verifique a direção do vento e nunca caminhe no sentido contrário.
Além disso, os instrutores falaram muito sobre a importância de um planejamento. Visualizar o local da pauta antes de sair da redação, verificar a rota e eleger locais para “fuga”, caso necessário, pensar sempre no “e se”, para poder se preparar para diversas situações e pensar também no que fazer depois, no caso desse “e se” realmente acontecer.
Outra questão abordada na ocasião foi o emocional do jornalista, que deve estar preparado para situações difíceis. Além de ter que tomar cuidado para não entrar em pânico, o profissional precisa prestar atenção na sua linguagem corporal. Os ministrantes da palestra defendem uma postura mais branda por parte do repórter em casos em que, por exemplo, a polícia toma uma atitude violenta. Para eles é importante pensar que a vida do trabalhador vale mais do que uma reportagem e, às vezes, a saída é recuar e procurar outro posicionamento que lhe permita fazer seu trabalho com segurança.
Participaram da palestra, 70 profissionais de jornais e revistas, indicados pelas empresas da Capital. O SJSP pretende negociar as mesmas condições para os jornalistas de Rádio e TV e também para os jornalistas do Interior e Litoral.
Foto – Comunicação/SJSP