Depois da aprovação do processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, os jornalistas debaterão nesta terça-feira (19), a partir das 19 horas, no Sindicato (rua Rego Freitas, 530 – sobreloja) as medidas que a categoria adotará para resistir, juntamente com outras entidades do movimento sindical e social, ao golpe que retirará direitos dos trabalhadores. Será a primeira reunião do Comitê dos Jornalistas contra o Golpe após a fatídica votação no Congresso Nacional.
Cerca de 2 mil jornalistas assinaram Manifesto em defesa da democracia e pelos direitos sociais, repudiando o golpe. No domingo, juntamente com os dirigentes sindicais do SJSP, muitos se somaram aos 200 mil manifestantes que foram ao Vale do Anhangabaú demonstrar seu apoio à presidenta Dilma.
O presidente do Sindicato, Paulo Zocchi, que discursou durante a manifestação no Vale do Anhangabaú, disse que os jornalistas junto com outras categorias pretendem demonstrar nas ruas que não há motivos para o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e deverão realizar um grande ato no 1º de maio, Dia dos Trabalhadores.
“O que os golpistas pretendem fazer é transformar os direitos trabalhistas em letra morta”, disse Zocchi. “O Programa do Futuro apresentado por Michel Temer não quer somente flexibilizar a legislação do trabalho e realizar a generalização das terceirizações. É também um ataque declarado ao patrimônio público brasileiro, à Petrobras, ao pré-sal e à soberania nacional”, analisou ele.
Zocchi lembrou que os jornalistas historicamente estiveram na resistência contra a ditadura militar e que a categoria tem como patrão as grandes empresas de Comunicação que desempenham um papel nefasto na atual crise política. “Eles desrespeitam a Constituição atuando como monopólio, artigo que sequer foi regulamentado e se aproveitam desta condição para atacar o governo federal”.
Cláusula de consciência
O Sindicato dos Jornalistas, que é um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores (CUT), participou da manifestação também com o objetivo de garantir a segurança dos profissionais envolvidos na cobertura e informá-los que naquele domingo a entidade tinha um plantão de atendimento para o caso de haver alguma ocorrência de violência e esclarecer aos manifestantes que os jornalistas são trabalhadores assalariados das empresas de Comunicação, que estavam ali no exercício da profissão e que não representam os interesses de classe dos patrões.
“Os empresários de Comunicação sequer reconhecem a cláusula de Consciência dos Jornalistas, que lhes daria a liberdade de não produzir reportagens que fossem ultrajantes à sua maneira de pensar e, portanto, não se pode confundir o trabalho do profissional de imprensa com a empresa a quem eles prestam seus serviços”, finalizou Zocchi.
Foto de Douglas Mansur – Zocchi apresenta a posição da categoria na manifestação do Vale do Anhangabaú