Diante das demissões em massa na editora Abril na última terça-feira, 2 de junho, os sindicatos dos Jornalistas e dos Administrativos fizeram assembleia conjunta na noite da própria terça-feira e decidiram unir forças diante da empresa. É a primeira vez que as entidades representativas desses dois segmentos de trabalhadores se unem, provocados pela difícil situação criada na empresa.
Na negociação realizada na quarta-feira, 3 de junho, a Abril afirmou que houve a demissão de 31 jornalistas e de 80 funcionários administrativos. Na reunião, os dirigentes sindicais mostraram preocupação com os empregos e repudiaram as dispensas, pois a empresa já havia demitido 16 jornalistas em abril e 37 em maio, que, somados aos desta semana, totalizam 84 demitidos. Quanto aos administrativos, o quadro ainda é pior: 97 demissões desde abril, totalizando 177 com as recentes (são 80 nesta nova leva). São 261 trabalhadores sem emprego na editora Abril, em menos de 10 semanas!
A Abril Comunicação – que engloba as operações editoriais e gráficas do Grupo Abril – iniciou o mês de junho com 3.300 funcionários segundo suas informações, dos quais 700 jornalistas. Em 2 de junho, além das demissões, houve a transferência de 66 jornalistas para a editora Caras, com a venda de sete títulos: Arquitetura & Construção, Ana Maria, Contigo, Placar, Tititi, Você RH e Você SA.
Na assembleia, as entidades sindicais decidiram apresentar à editora Abril uma pauta unificada tirada aos patrões da Abril, composta por três pontos fundamentais:
1) Proibição de demissões por três meses (estabilidade no emprego);
2) Rescisão com pagamento de dois salários para os demitidos;
3) Extensão do plano de saúde aos demitidos por seis meses.
Naturalmente, está implícito o pagamento de todos os direitos trabalhistas, como aviso prévio, 13º salário proporcional, férias, adicionais etc
Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi, o cenário atual está difícil, mas é importante lutar sempre pela preservação dos empregos. “A transferência de jornalistas para a editora Caras ocorreu pela primeira vez no ano passado, quando havia a perspectiva de dezenas de demissões na editora Abril com a oposição do Sindicato, e novamente acabou sendo uma via para preservar dezenas de postos de trabalho”.
O Sindicato dos Jornalistas tem se pautado pela defesa do emprego, dos direitos trabalhistas e do próprio jornalismo, que continua uma atividade essencial na sociedade em que vivemos. A defesa desta atividade encontra-se nas mãos dos próprios jornalistas e de seu Sindicato, como bem mostram os acontecimentos das últimas semanas.