Diante da intransigência da empresa, que iniciou um processo de demissões na manhã desta terça-feira (4),jornalistas do Correio Popular, pertencente à Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, reunidos em assembleia no início da tarde, decidiram decretar estado de greve e se posicionar pela revogação das dispensas e pela abertura imediata de negociação da empresa com os trabalhadores.
As demissões surpreenderam os jornalistas e o seu Sindicato, pois a RAC havia iniciado uma negociação prévia. Há três semanas, a empresa comunicou a Regional de Campinas do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) que planejava efetuar cerca de 15 demissões e pretendia parcelar as verbas rescisórias, procedimento que não respeita os direitos trabalhistas básicos (pois as verbas têm de ser pagas de uma só vez até dez dias após a demissão).
Frente à comunicação da empresa, a direção do SJSP manifestou uma posição contrária a qualquer demissão e convocou a categoria para assembleias para discutir como enfrentar o problema. Os jornalistas se posicionaram contra as demissões, e, após duas reuniões com a empresa, decidiram propor a abertura de um plano de demissões voluntárias, com pagamento à vista das verbas rescisórias, extensão do plano de saúde e salários adicionais de indenização. Além disso, a proposta da categoria previa uma estabilidade de seis meses para os jornalistas remanescentes.
Nesta terça-feira, porém, a empresa demitiu cinco jornalistas até o início da tarde. A primeira demissão ocorreu pouco depois das 8h30. Por volta das 9h30, a RAC enviou um comunicado ao SJSP avisando que, diante das “infrutíferas” negociações, estava tomando providências (ou seja, demitindo). Ficou claro que as conversas, na verdade, foram apenas uma farsa para fazer a categoria engolir uma decisão já tomada pela cúpula do jornal. Não restou outra alternativa aos jornalistas senão enviar à RAC o aviso do estado de greve e repudiar a atitude truculenta da empresa. Apesar da difícil situação, a redação do Correio Popular está unida e firme na disposição de lutar em defesa dos empregos e dos direitos trabalhistas de todos os profissionais.
Foto: Márcia Quintanilha