Fotógrafos e cinegrafistas de mídias alternativas são alvos de agressões e violência psicológica fora das coberturas jornalísticas
Jornalistas de imagem da mídia alternativa e de coletivos independentes discutiram ações de enfrentamento à violência policial contra o trabalho dos profissionais, em reunião promovida na noite desta segunda-feira (5) pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e pela Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos no Estado de São Paulo, na sede do SJSP, no centro da capital.
Os fotógrafos e cinegrafistas relataram que há não só os casos de agressão física ocorridos durante as manifestações, mas denunciaram que têm sofrido pressão, violência psicológica e perseguições da Polícia Militar no dia a dia, até mesmo fora das coberturas jornalísticas. Por terem denunciado agressões da PM, há profissionais que foram procurados em casa por policiais à paisana.
Segundo os jornalistas, a PM do governador Geraldo Alckmin (PSDB) está identificando os profissionais da mídia alternativa por incomodarem o governo estadual divulgando a repressão policial – sobretudo por meio da ampla visibilidade promovida por fotógrafos e cinegrafistas nas redes sociais.
Os diretores do Sindicato e da Arfoc-SP ficaram preocupados com os relatos e os jornalistas foram orientados a registrar Boletim de Ocorrência das agressões.
Após quase três horas de debates, foi aprovado que o SJSP fará denúncia da violência da PM contra os profissionais de comunicação junto à Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ). O Sindicato também vai solicitar audiência com o governador Geraldo Alckmin para discutir os casos e vai divulgar os relatos de violência no site e mídias sociais da entidade.
“A internet pode fazer com que a gente viralize essa revolta. Nossas redes sociais e canais de comunicação têm que ser meios de reproduzir as denúncias da melhor maneira possível porque não são casos isolados, de uma pessoa. O que está se ferindo é o jornalismo e temos que trazer todo mundo para essa briga”, destacou Marcos Alves, presidente da Arfoc-SP.
Polícia da ditadura – Outra medida aprovada é buscar diálogo com o Ministério Público do Estado de São Paulo. Por meio de processo judicial em andamento, o órgão pretende combater a violência contra os jornalistas com a adoção de um protocolo pela PM.
O presidente do SJSP, Paulo Zocchi, explicou que o Sindicato concorda com a adoção de um protocolo, mas considera a medida um paliativo de curto prazo, pois o que a entidade defende é um modelo de polícia desmilitarizada, que proteja os cidadãos e promova a segurança pública.
“A solução de longo prazo é acabar com essa polícia militarizada, forjada na ditadura, que vê os manifestantes como inimigos, em que o jornalista é visto como se estivesse no meio de tropas inimigas”, criticou.
Entre outros encaminhamentos, os participantes da reunião aprovaram, ainda, a realização de debates para discutir proteção física, apoio psicológico e orientações jurídicas aos jornalistas.
Orientação do Sindicato dos Jornalistas:
– os profissionais de comunicação vítimas de violência da PM devem registrar Boletim de Ocorrência por crime de abuso de autoridade policial e lesão corporal, informando a identificação do agressor e apresentando testemunhas ou provas;
– informar o registro do Boletim de Ocorrênmcia ao Sindicato pelo e-mail jornalista@sjsp.org.br;
– é uma obrigação da polícia registrar o Boletim de Ocorrência.