Na edição 357 do jornal mensal do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), o Unidade, alguns jornalistas de diferentes áreas da profissão foram ouvidos e deram sua opinião sobre a importância de ser um trabalhador sindicalizado.
Roberto Cabrini – Conexão Repórter
Considero a sindicalização vital para qualquer jornalista. Entendo que o jornalismo só faz sentido se puder cumprir um de seus principais objetivos: o de lutar contra arbitrariedades. Não faltam tiranos tentando manipular informações para perpetuar estruturas de opressão. E somente sendo filiado a um sindicato ativo e altivo, o profissional pode ter certa retaguarda de sua classe. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo sempre esteve presente dando retaguarda aos profissionais na época mais dura da ditadura e depois defendendo o salário dos profissionais e combatendo demissões em massa.Defender um Sindicato que lute pela liberdade de imprensa é se manter fiel aos princípios básicos da profissão: informar com imparcialidade e responsabilidade. E esse papel de apoio, o Sindicato sempre cumpriu.
Celso Freitas – Jornal da Record
O Sindicato é o espaço onde os profissionais da imprensa têm a oportunidade de reivindicar seus direitos e melhores condições para exercer seu trabalho. Além de ser representativo, funciona como um mecanismo regulador do exercício dos profissionais que desempenham um papel vital para a sociedade que é a informação.Conheço vários colegas que recorreram ao Sindicato para questões trabalhistas ou para fazer pedido de aposentadoria. Como sindicalizado, tenho benefícios no plano de saúde e foi através do Sindicato que obtive credenciamento para coberturas internacionais. Hoje, mais do que no passado, as pessoas se agrupam através das redes sociais. É o espaço virtual onde comungam afinidades. Cabe ao Sindicato ser o palco que promova a união da categoria, onde ela se manifeste e possa filtrar as expectativas dos jornalistas, seus anseios, suas dificuldades e os seus direitos.
Renata Falsoni – vídeorrepórter
O Sindicato tem que ser forte para representar a categoria e uma das formas de fortalecer é sindicalizando-se. Participar ativamente das reuniões é importante; discutir de forma democrática as políticas a serem adotadas faz parte do fortalecimento da categoria.Eu sempre faço uso da tabela de preços mínimos para freelancer do Sindicato. Uma conquista que instituímos nos anos 80 e que até hoje funciona. Antes o freelancer fotógrafo não era inteiramente reconhecido. Depois disso, passamos a fazer parte da categoria, com preços defendidos pelo Sindicato.O Sindicato deve estar à frente das lutas da categoria. Tem que ser inclusivo. Abraçar desde profissionais que atuam em grandes empresas até os pequenos empresários e os freelancers. O mundo da comunicação e forma de emprego mudou e o Sindicato tem que evoluir. Caso contrário, perderá sua força, lutará pelo inviável. Hoje falta abraçar os profissionais oriundos da tecnologia, como por exemplo, o videorrepórter, que é pejorativamente ainda hoje taxado de “abelha”.
Rosário Mendez – Liderança do PT na Alesp
A sindicalização significa ter consciência de classe, de organização da categoria, de força para reivindicar, avançar, qualificar as relações de trabalho e discutir com a sociedade de maneira orgânica temas como o aperfeiçoamento da democratização da comunicação, a necessidade do marco regulatório, a retomada de instrumentos que disciplinem o exercício do trabalho do jornalista, entre outras questões importantes para a sociedade brasileira e para a nossa categoria. Aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo, eu acompanhei a atuação do Sindicato na renovação dos contratos dos trabalhadores da TV Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). O Sindicato mediou as negociações, participou de reuniões com os jornalistas, com parlamentares e com os diretores da TV. A mobilização e a contribuição do Sindicato teve êxito e a redação retomou os trabalhos, com seus pleitos atendidos. O Sindicato é um canal de diálogo e organização dos trabalhadores, instrumento fundamental para a democracia e para os ajustes das relações de trabalho, assim como para o exercício da cidadania, uma vez que é o palco de tensionamentos, pensamentos divergentes e catalisador dos dilemas e desafios da sociedade moderna e a prática do jornalismo.
Vitor Nuzzi – Revista do Brasil
De um modo geral, independentemente da categoria, a força do trabalhador está em sua organização. Prestigiar a sua entidade de classe é também uma forma de proteção.Reconheço a importância do Sindicato dos Jornalistas no dia a dia da categoria, seja em serviços prestados, na condução de campanhas salariais ou em debates sobre a realidade e o futuro da profissão.Sei que muitos colegas fazem críticas, e têm sua dose de razão, mas é preciso considerar que um sindicato basicamente reflete a categoria que representa. Se a base participa, mostra interesse, a entidade tende a se fortalecer. Este é um período de transformações profundas para os jornalistas, em termos de regulamentação profissional, organização e responsabilidades. As novas tecnologias impõem desafios e testam limites. Acho que não se pode prescindir do Sindicato em um contexto como esse.
Rodrigo Ratier – Revista Nova Escola – Editora Abril
Penso que o Sindicato é principal meio de nos fortalecermos como categoria. Ele pode ser um instrumento de luta para a garantia de direitos e um espaço para reflexões e debates que visem o avanço da profissão em diversas dimensões: ética, técnica, teórica etc. Isso é importante, sobretudo, em um momento de rápidas mudanças como o que vivemos em nosso campo de atuação.Para mim, a importância do Sindicato está no desafio de construir uma profissão digna, da qual tenhamos orgulho. Acredito que coletivamente somos mais fortes do que sozinhos.