“Esse negócio de fazer 50 anos de profissão é nostálgico. Estou sensível esses dias. Não é fácil, não foi fácil, mas vale a pena.” Foi dessa forma que Ricardo Kotscho, jornalista que completa 50 anos de profissão, analisou a sua trajetória durante homenagem que os jornalistas lhe prestaram na tarde desta sexta-feira, dia 30, no auditório do Teatro Cásper Líbero.
A atividade, realizada pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e pela Fundação Cásper Líbero, contou com a presença de muito jornalistas veteranos, além de estudantes e familiares. Alguns profissionais, amigos pessoais de Kotscho, compuseram a mesa da atividade, que na ocasião era um sofá, que ajudava no clima descontraído do seminário.
Eles contaram histórias que fazem parte desses cinquenta anos de jornalismo e emocionaram todos os presentes. Eram eles: Audálio Dantas, ex-presidente do SJSP, Clóvis Rossi, Jorge Araújo, Eliane Brum, Hélio Campos de Mello, além de Mariana Kotscho, filha do homenageado e também jornalista.
Kotscho recebeu elogios de todos os amigos que estavam à mesa. Eliane Brum, por exemplo, disse que já sabe qual a solução para a crise do jornalismo. “É o Kotscho, é a reportagem”. Já o fotógrafo Jorge Araújo, emocionou a todos com seu depoimento que contava os momentos em que trabalhou ao lado do jornalista e com uma frase em especial: “o casamento perfeito mesmo entre foto e texto, eu fiz com o Kotscho”.
Audálio, lembrou da importância das reportagens do jornalista na época da ditadura. “Ao invés de ir ao Sindicato para pegar os comunicados sobre os profissionais desaparecidos, ele ia em busca do que estava por trás daquilo e publicava matérias diárias. Foi aí que o medo, que dominava as redações e as ruas aquela época, foi dando lugar a alguma ousadia”, lembrou. “Era um repórter dedicado em tempo integral”, completa ele.
Kotscho deixou seu recado aos jornalistas e aos que ainda estão estudando para atuar na profissão. “A reportagem nunca vai acabar. Podem acabar os jornais, as plataformas pelas quais se faz a profissão, mas nunca o jornalismo. É uma batalha dura e diária, mas sempre, sempre vale a pena”.
Pequeno histórico
O paulistano Ricardo Kotscho, 66 anos, é um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro, com passagens pelos principais veículos de imprensa do País e também pela Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República durante os dois anos do primeiro governo Lula (2003 e 2004). Ele já escreveu 20 livros – entre eles o famoso Do Golpe ao Planalto, de 2006, pela Companhia das Letras – e está terminando o vigésimo primeiro. Atualmente, Kotscho é repórter especial da revista Brasileiros e colunista da Record News.
Foto – Ricardo Kotscho e Audálio Dantas – Comunicação/SJSP