Direção da empresa afirma que não ter condições financeiras para quitar salários atrasados, mas tenta “furar” a greve contratando freelances com pagamento adiantado e está reproduzindo, sem assinatura, matérias de outros veículos
Os jornalistas do Diário de S.Paulo cruzaram os braços no último dia 10 em protesto contra os frequentes atrasos de pagamentos e a continuidade da greve foi aprovada por unanimidade pelos trabalhadores e trabalhadoras em assembleia na tarde desta segunda-feira (16), em frente à sede do jornal, na zona este da capital paulista. Além dos salários, estão em atraso o pagamento de benefícios, de férias e também o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Em reunião realizada com a direção da empresa no último dia 11 (quarta-feira), os representantes do Diário não deram qualquer sinalização de um prazo para pagamento dos débitos e nem fizeram proposta de negociação ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP). Contudo, apesar dos atrasos frequentes que ocorrem há mais de um ano, a empresa tem tentado “furar” a greve chamando free lancers para trabalhar com pagamento adiantado e por dia, denunciaram os grevistas.
Os profissionais denunciam, ainda, que, para manter o jornal circulando, a direção do Diário também está reproduzindo matérias de outros veículos sem a assinatura com o devido crédito ao jornalista que produziu o texto. Segundo os trabalhadores, a empresa está fazendo a reprodução de notícias de veículos com os quais nunca houve qualquer parceria, como é o caso do Lance.
Um dos exemplos é o da matéria “Pelo merecimento” reproduzida sem crédito na edição do Diário do último dia 11 e originalmente publicada no Lance no dia anterior, sob o título “Carille explica cuidados para ‘voltar a merecer’ e fé em Jadson: ‘Pode mais”, assinada pelo jornalista Gabriel Carneiro.
Outro exemplo é o da matéria “Pênaltis e bolas paradas no CT”, que o Diário publicou no último dia 10, mas o texto é reprodução da notícia “São Paulo trabalha pênaltis e bola parada em treino antes de viajar”, publicada pelo Lance no mesmo dia.
Na avaliação dos dirigentes do Sindicato, a atitude da direção do Diário caracteriza prática antissindical pelo desrespeito ao direito de greve, que é garantido pela Constituição, além da falta de ética pela ausência da assinatura do jornalista nas matérias reproduzidas.
A próxima assembleia de jornalistas é nesta quarta-feira (18), às 15h, em frente à sede do jornal, na Av. Marquês de São Vicente nº 1011, na Barra Funda, zona oeste paulistana.
Texto e foto: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo