Campanha salarial consolidou avanço na organização da categoria, com a presença de 900 jornalistas nas assembleias finais
Após 16 meses de campanha salarial, assembleias que reuniram 900 jornalistas em todo o estado aprovaram o fechamento da Convenção Coletiva com as empresas de Rádio e Televisão de São Paulo, retroativo a 1º de dezembro de 2015. O resultado final foi 595 votos pelo acordo, 296 votos pela rejeição (com paralisação) e 9 brancos e abstenções.
Com isso, os salários serão reajustados em 6% retroativos a 1º/12/2015 e mais 7% retroativos a 1º/12/2016 (totalizando 13,42% de reajuste). Os diferenças de salário relativas aos retroativos serão pagas em até quatro vezes, mas qualquer empresa pode quitar em uma única vez. Haverá o pagamento de uma PLR (veja os principais pontos do acordo) até julho.
Esta Campanha Salarial marcou um avanço importante na organização e na mobilização da categoria: a realização de inúmeras assembleias com centenas de participantes, do plebiscito com quase 1.300 votantes, manifestações de protesto e atualmente boa parte das redações em contato direto com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP). Um exemplo final do estado de espírito de luta da categoria foi a votação da proposta de recusa do acordo com a realização de uma paralisação de uma hora em todas as empresas, apresentada pela direção do Sindicato: obteve o voto de 296 jornalistas (32,8%).
Neste momento, a nossa disposição de luta não foi suficiente para preservar o valor de compra de nossos salários. Infelizmente, os patrões – sob a batuta das grandes empresas, e particularmente da Rede Globo – impuseram uma perda de 5,75% em nosso salário real (inflação de 19,17%, reajuste total de 13,42%).
A Justiça do Trabalho não se mostrou como um ponto de apoio sólido com o qual pudéssemos contar para garantir um reajuste salarial digno. A categoria conquistou uma sentença no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região prevendo um reajuste de 10,94% retroativo a 1º/12/2015, na qual nos apoiamos, sobretudo, para obter o retroativo no acordo agora fechado (as empresas queriam acertar os 6% como “pagamento compensatório”). Mas a sentença demandaria um tempo incerto para se tornar realidade (além dos riscos de extinção do processo), ainda mais depois que o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, decidiu em outubro passado suspender o andamento dos processos com base na Súmula 277, tal como o nosso processo.
Essa campanha salarial demonstrou que, para que possamos defender nossos salários de forma efetiva, é preciso continuar a fortalecer nossa organização e capacidade de mobilização. Como disse uma colega em assembleia: “Como categoria, não temos grande histórico de mobilização, mas agora mostramos que temos potencial”. É nesse potencial que devemos nos apoiar!
Um passo importante foram dezenas de sindicalizações ocorridas durante as assembleias desta semana. Centenas de colegas ficaram com as fichas em mãos, e a sindicalização de todos é fundamental para reforçar o Sindicato como ferramenta eficiente de defesa dos direitos da categoria. A ação sindical não pára, e em cerca de seis meses estaremos novamente em campanha salarial!
Logo após a realização da última assembleia nesta sexta (17), no início da noite, a direção do Sindicato entrou em contato com os patrões para comunicar a aprovação do acordo e solicitar o encaminhamento imediato da formalização da nova Convenção Coletiva, de maneira que as empresas possam providenciar o quanto antes os reajustes devidos nos salários de todos.
Confira os resultados da votação e a Convenção Coletiva 2015-2017 assinada entre os jornalistas e as empresas de Rádio e TV
Escrito por: Redação – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto: Cadu Bazilevski