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Jornal Unidade: Especialistas discutem novas diretrizes curriculares do MEC no jornalismo

Jornal Unidade: Especialistas discutem novas diretrizes curriculares do MEC no jornalismo


 

Unidade: Em sua opinião, qual o motivo da elaboração dessas novas diretrizes do MEC?

Dennis de Oliveira: Primeiro que há a idéia de que os cursos superiores não devem mais ficar presos à camisa de força do “currículo mínimo” que era uma grade obrigatória de disciplinas que todos os cursos deveriam obedecer. Isto deixava pouca ou nenhuma margem para que as instituições de ensino superior tivessem características próprias, em função de particularidades locais ou regionais e do próprio projeto pedagógico.

Assim, o que se tem agora são “Diretrizes Curriculares” que se compõem de perfis desejados, competências e habilidades que se consideram importantes para os profissionais formados. Dentro deste universo, cada instituição monta sua grade e seu percurso formativo tendo como referência o projeto pedagógico.

No caso específico das diretrizes de jornalismo, está presente a idéia de se fortalecer a especificidade do jornalismo como uma modalidade comunicativa, procurar entender as mudanças rápidas que a atividade vem sofrendo nos últimos tempos em função das modificações na sociedade e na esfera pública e os impactos das inovações tecnológicas. Uma outra questão importante que as novas diretrizes colocam é a regulamentação do estágio profissional que volta a ser obrigatório nos cursos.

 

Unidade: Como será realizada esta alteração curricular. Ela será imediata ou elaborada por etapas?

DO: A portaria do MEC que aprovou as novas diretrizes curriculares deu um prazo de “adaptação” até o final deste ano. Sempre uma mudança de grade é gradual, pois ela passa a vigorar para uma turma nova. Já as turmas mais antigas continuam na grade anterior.

Na ECA, ela ainda não foi implantada mas, o nosso maior problema não é tanto a adaptação às diretrizes, pois vários tópicos que lá existem estão contemplados na nossa atual grade, mas consideramos ser necessário fazer várias atualizações.

Consideramos que é fundamental que a grade de jornalismo tenha uma “flexibilidade” para que se haja espaço para a discussão de fenômenos contemporâneos. A grande exigência que se faz do profissional do jornalismo é que ele tenha capacidade de refletir sobre o mundo, não apenas dentro das grandes concepções universais da ciência mas, principalmente, a partir das singularidades dos fenômenos cotidianos que ele vai cobrir.


Unidade: Em sua opinião, ela é benéfica ao profissional de jornalismo?

DO: Sim, porém não é a solução para todos os problemas. Um dos maiores problemas que o profissional do jornalismo sofre hoje é a monopolização dos meios de comunicação, a pressão violenta que se exerce no ambiente de trabalho na tentativa de se reduzir ou até eliminar a autonomia intelectual do jornalista. A mercantilização exacerbada da informação que vemos no mundo de hoje desqualifica o trabalho do profissional. Ser jornalista não é a mesma coisa que ser fazedor de jornal.

 

Unidade: Essa alteração distinguirá as universidades uma das outras ou não?

 DO: É importante que os cursos de jornalismo demonstrem a sua importância por si mesmos, pela sua qualidade e não apenas pela necessidade de se ter diploma. Eu, particularmente, defendo a exigência do diploma de jornalismo e que a profissão seja regulamentada, mas é preciso que os cursos de jornalismo não se legitimem apenas como fornecedores de diploma, mas sim de uma formação de qualidade e necessária para o exercício do bom jornalismo.

Unidade: Essa nova formação profissional pode contribuir na luta em defesa do retorno obrigatório do diploma para o exercício da profissão e da criação do Conselho Federal de Jornalismo?

 DO: Com certeza. A gente precisa discutir mais a questão do tipo de formação que o jornalista precisa. Se os cursos demonstrarem a sua importância pela qualidade é um ponto para nós.

Se bem que eu considero que o movimento dos patrões contra o diploma tem muito mais um interesse de fragilizar a categoria e facilitar a submissão das redações ao comando deles do que uma preocupação com a qualidade. Além disto, considero que a formação acadêmica não pode ficar submetida única e exclusivamente ao mercado, mas tem que ter como referência principal as demandas da sociedade. O mercado é uma referência importante, mas não é a única.

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