A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) voltou hoje (4) à mesa de negociação para discutir o aumento real de salários e também na PLR para os profissionais de Rádio e TV, após o plebiscito da categoria ter rejeitado a proposta patronal que concedia apenas o INPC (6,33%) aos salários.
O presidente da entidade, José Augusto Camargo (Guto) apresentou a contraproposta de 1,5% de reajuste (era 3% na pauta de reivindicação). E novamente encontrou um patronato intransigente, pouco disposto a dividir os ganhos das empresas.
Os empresários se disseram surpresos de os jornalistas rejeitarem a proposta levada a votação no plebiscito. Os dirigentes insistiram que pesou na alma da categoria o fato de as empresas anunciarem elevação no faturamento – como saiu publicada em veículos especializados como a Inter-Meios-, mas não acenarem com um aumento condizente nos salários.
“Ouvimos sempre que o faturamento das empresas cresceu muito. Mas veja: isso é uma informação para o mercado, pois na área comercial ninguém vai ficar reclamando. Então, viemos adotando a estratégia de dar participação nos lucros”, disse um dos negociadores da bancada patronal.
O discurso das empresas varia de acordo com o público, disse o dirigente Paulo Zocchi, um dos participantes representante dos trabalhadores. “Para o público externo, tudo vai muito bem; para os funcionários, as coisas vão mal”, afirmou ele. “Sabemos pelos dados tornados públicos que as empresas registraram um crescimento enorme na última década. Sabemos também que houve a desoneração fiscal em 2014 e isso provocou um impacto muito positivo na saúde das empresas. E quanto ao bolso dos jornalistas?”, questionou Zocchi.
Guto disse ainda que o foco do debate é o aumento real. “A leitura da categoria é simples: as empresas vão bem, outras categorias obtiveram aumento real, e nós não tivemos. Podemos fazer uma reavaliação da política que veio sendo aplicada, de valorização apenas do piso salarial. O piso de fato melhorou, mas muitos jornalistas ganham acima do piso. Portanto, é necessário elevar os salários e não apenas o piso salarial”, disse.
Os jornalistas, que estão na luta pelo aumento real nos salários e na PLR têm o desafio de manter a mobilização observada nas redações de Rádio e TV da Capital, Interior e Litoral, pois só com a pressão se obtém conquistas. Afinal, a verba publicitária realizada em 2014 ficou concentrada basicamente em TV (cerca de 70% do valor aplicado no mercado), ultrapassando os R$ 16 bilhões. Até setembro, as TVs da Capital e Grande São Paulo tinham acumulado um crescimento no faturamento direto de 32,37%. Já o das Rádios atingia a casa de R$ 1 bilhão. Estes dados foram revelados pelo Projeto Inter-meios, que faz análise do desempenho do setor.
Ao final, os diretores do SJSP apresentaram uma contraproposta de 7% de reajuste nos salários.
Além de Guto e Paulo Zocchi participaram das negociações os dirigentes Telé Cardim (Record), Wladimir Miranda, Evany Sessa (TV Cultura) e o advogado chefe do Departamento Jurídico, Dr. Raphael Maia.
Participe! A luta é para arrancar o aumento real nos salários e melhorar o percentual da PLR.