Sindicato dos Jornalistas entrou com dissídio coletivo de greve nesta quarta-feira (18) e os profissionais seguem de braços cruzados em protesto pelos atrasos de pagamentos
A paralisação dos jornalistas do Diário de S.Paulo completou oito dias nesta quarta-feira (18) e, como a empresa continua atrasando os pagamentos, o Sindicato dos Jornalistas entrou com dissídio coletivo de greve no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2), na capital paulista. Agora, caberá à Justiça do Trabalho dar fim ao impasse garantindo que a empresa cumpra sua obrigação de pagar.
A greve, iniciada no último dia 10, segue forte, com adesão de mais de 90% da redação, e os trabalhadores e trabalhadoras continuam mobilizados na luta para receber os salários, benefícios e férias e, ainda, para que a empresa regularize o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Após assembleia na tarde desta quarta-feira, uma comissão de jornalistas e de sindicalistas foi recebida para uma reunião com a direção do Diário. Os representantes da empresa alegaram ter começado a pagar os salários de menor remuneração, mas a informação foi prontamente desmentida, pois nenhum dos grevistas recebeu qualquer pagamento até o momento.
No caso dos jornalistas contratados com carteira assinada (celetistas), parte da redação recebeu o valor referente ao adiantamento salarial no último dia 20 de agosto, mas continuam pendentes o saldo restante, bem como o salário do mês passado que deveria ter sido pago no começo de outubro.
No caso dos profissionais contratados como Pessoa Jurídica (PJs), o Sindicato apurou que a situação é ainda pior, pois o último pagamento foi em agosto referente a julho e, na prática, o atraso já é maior que dois meses.
A crise no Diário tem se aprofundado nos últimos anos e não é a primeira vez que os jornalistas se mobilizam. Os atrasos de pagamentos ocorrem desde o ano passado, o recolhimento do FGTS está irregular desde 2014, e, no começo de 2017, o jornal chegou a parar de circular devido à precarização do trabalho na redação e às dívidas com distribuiores.
Além dos atrasos frequentes, no último mês de janeiro, os jornalistas tiveram que trabalhar com telefone cortado, falta de água e ar condicionado quebrado. Na época, o Sindicato também apurou que o Diário mantém até estagiários contratos como PJ. A mobilização organizada e unificada foi o que permitiu a resolução do problema no começo do ano.
Na próxima segunda-feira (23), em frente à sede do jornal, na zona oeste paulistana, os trabalhadores realizam assembleia às 15h30, ou a qualquer momento caso a empresa abra negociação para os pagamentos, e têm uma nova reunião com os representantes do Diário no mesmo dia, às 16h.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo