Proposta do Tribunal garante preservação da maioria das cláusulas do Acordo Coletivo, mas mantém congelamento de salários e benefícios.
Os jornalistas e radialistas da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realizaram assembleia na tarde desta quarta-feira (29) para avaliar a proposta de negociação mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) à Campanha Salarial 2017-2018 e decidiram pela apresentação de uma contraproposta.
Depois de nove rodadas sem avanços na negociação direta com a empresa, os trabalhadores e trabalhadoras iniciaram uma greve em 14 de novembro, nas praças de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Maranhão, e suspenderam o movimento no dia 24, depois que o TST se propôs a mediar a questão. Pela proposta apresentada pelo Tribunal, seriam mantidas a maioria das cláusulas sociais e econômicas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), inclusive os Vales Cesta Alimentação extras, pagos somente em junho e dezembro, e que a direção da EBC queria excluir.
Em contrapartida, seriam feitos ajustes pontuais quanto à homologação de demissões nos sindicatos das categorias e a multa por descumprimento do ACT. Porém, pela proposta do TST, permanece o reajuste zero para os salários e benefícios. Além disso, os jornalistas e radialistas teriam que aumentar em duas horas a jornada diária para que a EBC pague o ponto do período da greve.
Os trabalhadores aprovaram a manutenção do ACT, mas não concordaram com o congelamento de salários e benefícios, e reivindicam 4% de reajuste repor a inflação do período e as perdas acumuladas nos últimos dois anos. Também não há concordância quanto à proposta de compensação dos dias parados e a deliberação foi de uma contraproposta para que as questões voltem à mesa de negociação com o TST nesta quinta-feira (30), e uma nova assembleia das categorias ocorre na sexta-feira (1).
Intransigência da direção marca Campanha Salarial
A greve na EBC foi a única alternativa dos jornalistas e radialistas para conseguir avançar nas negociações da Campanha Salarial 2017-2018
Isso porque, ao longo de nove rodadas, a direção da empresa manteve uma postura intransigente, afirmando que não só não concederia reajuste de salários e benefícios, como faria a exclusão de uma série de direitos do Acordo Coletivo – tais como os Vales Cesta Alimentação extras, o Vale Cultura, a garantia de translado para os trabalhadores por questões de segurança, a Complementação de Auxílio Previdenciário e até o fim do quinquênio para quem ingressa a partir de agora na EBC.
Durante o movimento, ocorreu um ato de apoio no último dia 21, com participação de representantes do movimento sindical, de movimentos sociais e outros ligados à democratização da comunicação no país.
A paralisação também teve apoio do ator Pedro Cardoso que, ao saber da greve, se recusou a participar do programa “Sem Censura” e, ao vivo na TV Brasil, também criticou o racismo praticado pelo presidente da EBC, Laerte Rimoli, contra a atriz Taís Araújo. Publicado nas redes sociais, o vídeo do ator teve ampla repercussão.
Desde o golpe do presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB), a empresa enfrenta um processo de desmonte que afeta o caráter público da EBC e também tem levado à precarização do trabalho, à censura interna e vários casos de assédio, denunciam os trabalhadores.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo