A greve dos jornalistas da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, em protesto contra a falta de pagamentos, completa 80 dias neste sábado (5), a maior paralisação da categoria na história do jornalismo em São Paulo. Nesta sexta-feira (4), os trabalhadores e trabalhadoras da RAC se reúnem com sindicalistas e advogados para debater os rumos do movimento paredista.
Os salários estão em aberto desde janeiro e nem o 13º de 2017 foi pago. Os atrasos ainda afetam o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Imposto de Renda, que não são repassados apesar dos valores descontados diretamente em folha.
A empresa, que é responsável pelos jornais Correio Popular e Notícia Já, entre outras mídias, não fez qualquer proposta de negociação no período, mas está descontando os dias parados dos grevistas.
Os profissionais estão mobilizados desde o início da greve, que começou em 14 de fevereiro, e lutam pela celeridade da justiça enquanto aguardam o julgamento do dissídio, em ação movida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) no Tribunal Regional da 15ª Região (TRT15-Campinas).
Em parecer, o Ministério Público do Trabalho (MPT) já reconheceu a legitimidade da greve, pois cruzar os braços em protesto foi a única alternativa depois de dois anos em que os jornalistas enfrentam constantes atrasos no pagamento de salários, benefícios e férias. No documento, o MPT acolhe o pedido do Sindicato para que os dias parados sejam pagos, assim como garantida a estabilidade de emprego por seis meses.
Além das diversas irregularidades praticadas pela rede, o SJSP ainda apurou que a RAC, apesar de não pagar o que deve, está contratando profissionais para cobrir o trabalho durante a greve, uma medida ilegal e que configura prática antissindical e, por isso, o caso também foi denunciado no mesmo processo junto ao TRT15-Campinas e ao MPT.
Jornalistas unidos e mobilizados
Em busca de apoio para que a Justiça do Trabalho agilize o julgamento, neste 1º de Maio os profissionais participaram do evento do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, no Largo do Rosário, centro de Campinas. Nesta semana, os jornalistas também fizeram panfletagem em frente à empresa, na Vila Industrial, entregando exemplares do jornal Unidade, publicado pelo SJSP, que traz a greve como manchete da edição de abril. Confira a versão digital da publicação.
Em abril, os jornalistas protestaram na Câmara Municipal de Campinas e conquistaram moção de apoio dos parlamentares para sensibilizar o TRT15-Campinas sobre o julgamento. Na ocasião, os trabalhadores também entregaram uma Carta Aberta denunciando a situação que enfrentam na empresa. Em fevereiro, vereadores e vereadoras já haviam expressado seu repúdio à RAC pela falta de pagamentos e denunciaram a situação na tribuna da Casa, assim como sindicalistas e lideranças na região.
Paralelamente à expectativa pelo julgamento, outra luta dos profissionais é pela sobrevivência e, por isso, a solidariedade da categoria é fundamental. Para apoiar o pagamento emergencial dos jornalistas, o SJSP criou um fundo de greve onde é possível colaborar com qualquer quantia na seguinte conta:
Agência 4070 – conta corrente 1143-3
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
CNPJ 62.584.230.0001-00
No caso de depósito ou transferência entre contas da Caixa, o código da operação é 003. Outro modo de colaborar com os grevistas é com doação de cestas básicas na Regional Campinas do SJSP, que fica na fica na Rua Dr. Quirino nº 1319, 9° andar, no centro da cidade.
Até o final de maio, também ocorre o Bazar da Amizade, de 2ª a 6ª feira, das 13h às 17h, na Associação Campineira de Imprensa (Rua Barreto Leme nº 1479), com produtos vendidos a preços simbólicos e renda revertida ao fundo de greve. Saiba mais sobre o bazar.