Em São Paulo, ato reuniu mais de 50 mil pessoas; lideranças políticas manifestaram-se contra política econômica e pediram Fora Cunha
“Fora Cunha, fora já daqui, e leve com você o ministro Levy”. Esse foi o grito que ecoou na Paulista no último domingo (8) em ato que começou no vão livre do Masp e foi até o Parque do Ibirapuera.
Segundo a Frente Povo Sem Medo, que organizou a marcha junto com a CUT e outros movimentos, mais de 50 mil pessoas marcharam contra o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, que vem implementando políticas contra o povo, principalmente contra as mulheres, e também contra o ajuste fiscal, do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que prejudica a classe trabalhadora.
A Frente Povo Sem Medo, que reúne mais de 15 movimentos, esteve nas ruas em mais de 12 estados simultaneamente em várias cidades brasileiras.
Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, destacou que a Central é um dos movimentos engajados na Frente e que o objetivo é promover mobilizações como o ato deste domingo, para impedir o retrocesso e o avanço da direita. “Estamos defendendo a saída do ministro Levy para que o governo federal continue a ter apoio dos movimentos sociais. Tem que se construir uma política econômica desenvolvimentista e não esta que está sendo implementada, com um ajuste que prejudica a classe trabalhadora”.
Guilherme Boulos, um dos membros da coordenação nacional do MTST, mandou um recado para Eduardo Cunha: “Se na aprovação do orçamento, que está prevista agora para novembro, houver cortes no programa Minha Casa Minha Vida esse país irá pegar fogo de norte a sul. Vamos ocupar aquela câmara federal, que já não tem função social há muito tempo”.
Guilherme também citou os ajustes fiscais antipopulares aplicados tanto na esfera federal, como as mudanças no seguro desemprego e no auxílio doença, e nas esferas estaduais, aplicados nos governos de São Paulo e Paraná, como o fechamento das escolas públicas. “Este ajuste tem que vir por outro lado, fazer o ajuste em cima do povo é covardia. Quem tem que pagar o preço da crise são os ricos”, justificou Boulos.
Para Janeslei Albuquerque, secretaria de Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais da CUT, as pautas apresentadas por Cunha significam um retrocesso civilizatório para o Brasil. “A redução da maioridade penal e a revogação do Estatuto do Desarmamento são provas destas aberrações do presidente da Câmara. Ele quer prender e matar os jovens”.
Janeslei também citou o Projeto de Lei (PL 5069), que criminaliza mulheres vítimas de violência sexual: “É Inadmissível que o congresso queira desrespeitar os direitos das mulheres propondo que numa situação de estupro que ao invés de proteger as mulheres garante direitos aos estupradores. Criminaliza a pílula do dia seguinte para prevenir uma gravidez e até doenças oriundas do estupro”, finalizou a dirigente.
Douglas Izzo, presidente da CUT São Paulo, disse que os trabalhadores não vão permitir retrocessos.
Já Bárbara Melo, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES,) destacou a importância do investimento contínuo na educação. “Aumentou o acesso às universidades e ao ensino técnico nos últimos 12 anos, porém, ainda insuficientes: “Não permitiremos que diminuam o investimento na educação. E se for necessário ocuparemos junto ao MTST as escolas fechadas pelo governador tucano Geraldo Alckmin.”
Na próxima semana ocorrerá o congresso da UBES e Barbara deixou claro que os estudantes vão se manifestar para impedir que orçamento para educação em2016 não seja reduzido. “A juventude é o futuro do país e continuaremos lutando pela democracia brasileira”.
Vagner também denunciou a ditadura do Eduardo Cunha em não deixar a CUT fazer reuniões dentro do Congresso e mandou um recado para o PMDB: “Lançaram um documento à nação nefasto, pior que a política do Levy e a favor das políticas do Cunha, que coloca em prática tudo aquilo que nós organizamos para impedir através da campanha a favor da eleição da presidenta Dilma. Não vai ter golpe! Nós vamos impedir o retrocesso! Isso é com o povo na rua, com muita mobilização”.
O ato terminou em frente ao Parque do Ibirapuera com a ocupação do Monumento às Bandeiras e com o grito de guerra da Frente: “Aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar!”
Texto: Érica Aragão/ CUT Nacional
Foto: Roberto Parizotti
Érica Aragão e Roberto Parizotti são diretores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)