A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) repudia a atitude da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que afirmou ter denunciado por “apologia ao crime” reportagem da Revista AzMina, intitulada “Como é feito um aborto seguro?”, que esclarece questões sobre o procedimento de interrupção da gravidez. Também nos solidarizamos com a repórter Helena Bertho e a editora Thais Folego, responsáveis pela reportagem.
A acusação da ministra, via twitter, ocorreu após ela ter sido avisada da reportagem por outros perfis do microblog, que contam com grande número de seguidores conservadores. A postagem de Damares Alves potencializou os ataques à publicação e à equipe da revista, por meio de assédio digital. Endereços e dados da equipe foram divulgados, além de ofensas e ameaças de processos judiciais.
Parlamentares conservadores endossaram as acusações de “apologia ao crime”, o que é injustificável, visto que a legislação brasileira prevê o aborto legal, aspecto abordado na reportagem. Os ataques às jornalistas seguem um padrão já visto em outros momentos, envolvendo membros do governo federal, que com a intenção de descredibilizar o trabalho da imprensa, voltam a carga contra os profissionais responsáveis pelas reportagens que os desagradaram, com críticas desmesuradas e que abrem caminho para ataques virtuais e exposição da vida pessoal de jornalistas.
A FENAJ coloca-se ao lado das jornalistas vítimas dos ataques e reafirma a importância da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa para a consolidação da democracia. Às autoridades públicas, exigimos que preservem os direitos constitucionais, garantindo aos jornalistas o direito ao livre exercício da profissão para o cumprimento do dever de informar, sem qualquer impedimento.
Brasília, 21 de setembro de 2019.
Diretoria da FENAJ.