A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) irá lançar em janeiro uma comissão similar à lançada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) em setembro, no 14º Congresso Estadual dos Jornalistas: uma Comissão da Memória, Verdade e Justiça, para apurar a perseguição aos jornalistas durante a ditadura militar. O SJSP e outros Sindicatos brasileiros deverão dar sua contribuição com a Comissão que será lançada pela Federação.
O objetivo do grupo é analisar casos de censura, as prisões que sofreram os jornalistas, as torturas, mortes, desaparecimento e o fato de que os profissionais da área foram muitas vezes impedidos de exercer seu trabalho. Na visão de Celso Schroder, presidente da Fenaj, essa será a primeira vez em que será montado um acervo sobre a época, com o olhar dos jornalistas.
Ainda para Schroder, “embora os casos mais dramáticos já estejam relatados em sua maioria, achamos que é possível ampliá-los. E vão aparecer mais casos de tortura, censura e violência contra jornalistas desse período”. Além disso, o presidente da Federação afirma que a perseguição à imprensa não tenha acontecido apenas nos grandes centros, como é de conhecimento da maioria. “Tenho viajado e percebido que há casos por todo o país que estão pouco registrados, ou registrados muito localmente”, conclui Schroder.
Para José Augusto Camargo (Guto), presidente do SJSP, “quando lançamos nossa Comissão, pretendíamos ajudar a reconstruir uma parte da história que os jornalistas foram protagoniostas”. E complementou: “nosso objetivo é dar nossa contribuição para ajudar a esclarecer os crimes cometidos na época e agora com uma Comissão também na Fenaj, tenho certeza que o trabalho trará bons frutos”, afirmou.
Para a diretora do Sindicato, Rose Nogueira, que também é presidente do Grupo Tortura Nuca Mais de São Paulo, a Comissão da Verdade dos Jornalistas deve obrigatoriamente investigar os crimes de censura, além das arbitrariedades e assassinatos realizados contra os jornalistas. “O Direito à Informação foi violado de várias maneiras durante a ditadura. Se você escrevesse uma linha que os militares não gostassem, corria o risco de ser preso ou morto. Eles também fecharam jornais de maneira truculenta. Fico feliz que poder integrar as comissões e tenho certeza qus os jornalistas brasileiros farão este trabalho com muita competência, disse.
Entre os nomes que poderão compor a comissão da Fenaj, além do de Rose Nogueira, estão o ex-presidente do SJSP, Audálio Dantas e os jornalistas Carlos Alberto Oliveira (Caó), Nilmário Miranda, Sérgio Murillo de Andrade, entre outros.
Foto: Roberto Claro por ocasião da formação da Comissão da Verdade realizada no 14º Congresso Estadual do Jornalista, de Caraguatatuba