A entrevista coletiva do Projeto Repórter do Futuro com o secretário municipal de cultura, Juca Ferreira, realizada neste sábado (11), no Centro de Imprensa/Redação-Escola da OBORÉ (abertura) e no Espaço Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, atraiu 97 estudantes (63% dos 153 inscritos) de 14 municípios paulistas.
Os universitários que estiveram presentes são de 10 cursos de diferentes áreas do conhecimento e representam 22 faculdades. Todos foram credenciados para a cobertura da Virada Cultural, que acontece a partir das 18h deste sábado (18) e segue até as 18h do domingo (19).
Durante a semana, cada estudante receberá do Departamento de Comunicação da Secretaria Municipal de Cultura uma pauta para a cobertura do evento, que, neste ano, apresenta mais de 900 atrações realizadas em 120 locais da cidade.
Com investimento de R$ 8 milhões e 25% a mais no número de atividades, a nona edição da Virada Cultural Paulista pretende ultrapassar a marca de público atingida em 2012 (4 milhões de pessoas). “Este, talvez, será o maior evento cultural do mundo” afirmou Juca Ferreira.
A Virada já é o maior evento da cidade e o segundo a atrair mais turistas (média de 300 mil por edição, segundo a SPTuris), perdendo apenas para a Parada GLBT (média de 400 mil).
Os 25 estudantes com melhor desempenho nesta atividade prática de cobertura serão selecionados para o Curso sobre Jornalismo Cultural, que será promovido pela OBORÉ e Secretaria Municipal de Cultura no segundo semestre deste ano, visando contribuir na formação de profissionais da comunicação capazes de cobrir e analisar as mais diversas atividades culturais que acontecem
“Não há um acompanhamento [midiático] no nível que a cultura merece e precisa. É extremamente importante a existência da crítica e do jornalismo cultural que fale dos movimentos culturais não só de São Paulo, mas de todo o Brasil”, afirmou o secretário.
Conferência e coletiva de imprensa
Durante o encontro, composto por palestra, conferência e coletiva de imprensa, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer o funcionamento da organização da Virada Cultural e de todos os suportes necessários para sua realização, como segurança, atendimento médico e limpeza.
“Procurei dar o máximo de elementos para que os estudantes, ao fazer os trabalhos de reportagens da Virada, já conheçam os elementos que a contextualizam”, explicou Juca Ferreira, que também contou como está sendo a experiência de estar à frente da Secretaria Municipal de Cultura da maior metrópole latino-americana.
Em quatro meses de gestão, o novo secretário afirmou ter se deparado com uma realidade muito deficitária, mas com pontos positivos que procurou manter e melhorar.
“A maior dificuldade é que não há política cultural no município. [A Secretaria Municipal de Cultura é] Uma estrutura muito exótica, nunca tinha visto nada dessa forma. É uma estrutura feita para não ter política cultural. Tem secretário, secretário adjunto, chefe de gabinete e as centenas de equipamentos da cidade. Não tem como gerir, criar políticas, definir prioridades, porque você fica apenas administrando os equipamentos e cada um deles é uma ilha, não se articulam um com a outro, não há projetos em comum.”
Referente às críticas contra a realização da Virada Cultural, Juca Ferreira afirmou que o evento já se tornou uma festa tradicional da cidade e que ele proporciona oportunidade de convivência em uma só região entre os habitantes de diversas outras partes da cidade.
“O orçamento da Virada é cerca de R$ 8 milhões, ou seja, menos de R$ 2 para cada pessoa que está na rua. Então, é um evento barato. E a Virada gera movimento na economia e vem se tornando uma atração turística cada vez maior”, argumentou. “Não dá pra pensar numa cidade com mais de 10 milhões de habitantes como um local para as pessoas apenas trabalharem e irem para casa dormir”.
Foto – Nivaldo Honório