Três situações registradas recentemente contra a integridade de jornalistas no exercício de suas funções no Maranhão, Piauí e em Goiás provocaram manifestações de repúdio e reações das entidades representativas da categoria. Tais casos reforçam as constantes solicitações de providências encaminhadas pela FENAJ e Sindicatos de Jornalistas junto às autoridades federais.
Em abril do ano passado, após denuncias feitas contra um grupo político da cidade de São Bento, no Maranhão, o jornalista Isanilson José Dias sofreu ameaças de morte e comunicou tal fato à Procuradoria Geral de Justiça do e à Secretaria de Segurança do estado. Até o momento, porém, nada foi feito para assegurar a integridade física do profissional e de sua família.
Já em setembro de 2013, Isanilson denunciou o juiz Sidney Cardoso Ramos ao Conselho Nacional de Justiça, à Corregedoria Geral de Justiça, aos Tribunais de Justiça e Eleitoral do Maranhão e também às Corregedorias de Justiça e Eleitoral do estado, por entender que houve decisão tendenciosa do magistrado da Comarca de São Bento em dois processos contra ele e em favor de Sulanita da Conceição Sousa e José de Alencar Macedo Alves. O jornalista fundamentou as razões que o levaram a acreditar na parcialidade e de ligações do juiz com o grupo político do ex-prefeito Luiz Gonzaga Barros.
“Ocorre que as ameaças sofridas naquela ocasião em 2012, foram oriundas desse mesmo grupo, que tem como seu integrante o advogado e ex-procurador do município durante os dois mandatos (oito anos) do ex-prefeito citado, José de Alencar Macedo Alves que é parte interessada em um dos processos”, relata o jornalista em novo ofício encaminhado no dia 8 de novembro à PGE e Secretaria de Segurança do Maranhão. “Vale ressaltar que o referido grupo teve o sr. Luis Gonzaga Barros acusado de envolvimento no assassinato de grande repercussão no Maranhão, do ex-presidente da Colônia de Pescadores de São Bento José Carlos Aroucha, ocorrido nesta cidade em 07 de setembro de 2004, cujo advogado de sua defesa era também o sr. José de Alencar”, completa.
Preocupado com a possibilidade de suas denúncias gerarem atentados ou “acidentes simulados” que isentem seus algozes de quaisquer suspeitas de responsabilidade, o jornalista fez um apelo dramático à procuradora Regina Lúcia de Almeida Rocha. “Peço que entenda o temor deste cidadão comum, pai de família, que sente receio do que pode vir acontecer. Minha intenção não é fantasiar um drama, entretanto, não pretendo aguardar passivamente que um fato trágico seja consumado, para que só então minhas suspeitas se confirmem”, diz.
Para a vice-presidente da FENAJ, Maria José Braga, o caso é grave e merece a atenção e providências das autoridades estaduais e federais. “Está claro o inconfundível apelo por socorro e a necessidade de garantias do Estado, resta saber por que até o momento os setores responsáveis não se manifestaram”, cobrou.
Candidatos a Donizetti
Também no Piauí, o Sindicato dos Jornalistas repudiou e denunciou as ameaças de morte proferidas por Júlio César, controlador geral da prefeitura de Esperantina, contra os jornalistas do Portal GP1 e Revista AZ, feitas em sua página no Facebook, e exigiu das autoridades a rigorosa apuração dos fatos e o envio do inquérito à Justiça.”Demonstrando desequilíbrio e despreparo para o exercício do cargo que ocupa, o senhor Júlio César se refere aos jornalistas do GP1 como ‘candidatos a Donizetti’, numa alusão ao jornalista assassinado em 1998, e deixa explícita a sua intenção de eliminar fisicamente os profissionais que atuam naquele veículo de comunicação. Não podemos permitir que esse tipo de coisa continue acontecendo impunemente”, diz o documento.
Agressão em Goiás
Em nota emitida no dia 19 de novembro, o Sindicato dos Jornalistas de Goiás repudiou a agressão verbal do vereador Marciliano Borges (PSDB), no dia 12 de novembro, na Câmara Municipal de Ceres, contra o jornalista Juvenal dos Santos. “O mencionado parlamentar, de forma virulenta e intempestiva buscou intimidar o profissional da comunicação e posteriormente o ameaçou também fisicamente”, registra a nota. O Sindicato cobrou retratação pública do parlamentar.
Fonte: Fenaj