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Empregados da EBC em greve por melhores condições de trabalho

Empregados da EBC em greve por melhores condições de trabalho


 

ebc

Nós, trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), iniciamos uma greve a zero hora de terça-feira, 10/11, contra a proposta de reajuste salarial da empresa de 3,5%, bem abaixo da inflação no período (outubro a novembro) que é de aproximadamente 9,8%, segundo estimativa do Dieese. A proposta do órgão é que este percentual seja usado para 2015 e 2016. Isso pode representar uma perda salarial para os trabalhadores de até 15% em dois anos.

Há exatos dois anos, esses mesmos trabalhadores realizaram uma greve de 15 dias e que paralisou cerca de 700 dos 2 mil funcionários. Desta vez, reivindicamos um aumento salarial conforme o índice de inflação mais um ganho real linear para todos os empregados de R$ 450 (esse valor corresponde a cerca de 5% do total da folha de pagamento da empresa).

Ao contrário da interpretação divulgada pela empresa, de que uma greve demonstra o descaso dos trabalhadores com a EBC, nós funcionários paralisamos em defesa dela.

A EBC é a empresa pública federal, ligada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, responsável pela TV Brasil, Agência Brasil, Portal EBC, Radioagência Nacional, oito rádios públicas, como as Rádios Nacional do Rio de Janeiro e de Brasília e as Rádios MEC AM e FM. Além disso, opera serviços como o canal de televisão NBr e o programa de rádio Voz do Brasil.

A sua criação em 2007, com incorporação da antiga Radiobrás, veio em resposta a uma demanda da sociedade e apontava para um marco de novo entendimento sobre comunicação pública. Esta, que se difere da comunicação privada e de governo, e que tem foco no cidadão, com a vocação de ser plural, democrática, regional e participativa.

É urgente avançarmos na regulamentação sobre os sistemas público, privado e estatal; ao mesmo tempo em que é preciso garantir a permanência e a possibilidade de realização dos projetos profissionais e pessoais dos trabalhadores envolvidos no projeto nacional de comunicação pública.

Para além da campanha salarial, nós funcionários promovemos o movimento grevista para trazer a público a necessidade do compromisso da Diretoria da Empresa Brasil de Comunicação com a moralidade do serviço público e com a atual situação pela qual passa o país.

No ano de 2011, depois de uma autuação do Ministério Público do Trabalho (MPT), a EBC foi obrigada a realizar o seu primeiro concurso público admitindo mais de duas mil pessoas.

Mesmo com a chegada dos concursados na EBC uma quantidade impressionante de profissionais em cargos de comissão de livre provimento permaneceu. Nem as insistentes manifestações do Ministério Público do Trabalho e dos funcionários da Empresa foram suficientes para que a diretoria da EBC cumprisse o percentual mínimo de ocupação cargos comissionados por empregados do quadro, muito pelo contrário, eles seguem ocupando aleatoriamente os cargos de livre provimento, sem critérios e transparência.

Altos salários são pagos para os cargos comissionados da Empresa, que estão na magnitude dos R$ 29 mil para o diretor-presidente (fora os privilégios, que fazem com que o salário do presidente chegue a vultuosos R$ 35 mil), valor assustadoramente próximo ao salário da Presidenta da República e seus ministros de Estado, que é de aproximadamente R$30 mil. Nosso diretor-geral ganha quase R$ 27 mil e os demais diretores da EBC, cerca de R$ 25 mil.

Para termos ideia da disparidade dos salários da EBC com relação aos demais órgãos públicos, os diretores-presidentes das Agências Reguladoras (ANATEL, ANAC, ANCINE) ganham cerca de R$ 13 mil, bem menos do que os nossos ocupantes de cargos de superintendente, gerentes executivos, gerentes, chefes de gabinete, assessores especiais, etc, que recebem entre R$ 15 mil e R$ 22 mil. Os assessores e a maioria dos coordenadores da EBC não ganham menos de R$ 9 mil, chegando a R$15 mil.

Além dos salários abusivos, frente aos salários dos profissionais de nível superior (R$ 3.665) e médio (R$ 2.190) da empresa, os Cargos Comissionados gozam de apartamento funcional, auxílio-moradia, auxílio deslocamento,motorista, telefone funcional, diárias diferenciadas dos demais trabalhadores, vagas de estacionamento cobertas e exclusivas em prédio privado, custeadas pela EBC.

Mesmo com salários desta magnitude, tendo já aumentado os seus salários no início deste ano, e autorizado o aumento considerável do quadro de cargos comissionados da empresa nos últimos três meses, a Diretoria da EBC insiste em negar qualquer tipo de reposição salarial para os empregados e ainda quer tirar de nós direitos conquistados ao longo de muitas lutas.

A Empresa alega que o país passa por uma crise e que o funcionalismo público “tem que entender” que não vai haver sequer a reposição inflacionária. Nós entendemos, sim, que o Brasil passa por uma crise, mas antes de qualquer ajuste fiscal que exija do funcionalismo público compreensão, setores privilegiados do Estado devem enxugar seus gastos e acabar de vez com seus privilégios.

Apesar de a autonomia em relação ao Governo Federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo estar prevista em sua lei de criação, nós temos visto nesses anos de existência da EBC, uma relação árdua entre a empresa e o governo federal, em busca dessa autonomia.

 

Defendemos a comunicação pública e acreditamos que a EBC deve cumprir um papel fundamental na complementaridade dos sistemas de radiodifusão e criar um ambiente de pluralidade de vozes na comunicação brasileira. Expomos seus problemas para que a sociedade possa atuar na defesa de seu projeto original. E é nesse sentido que o movimento grevista vem somar.

Trabalhadores da EBC em luta!

Em defesa da comunicação pública!

Por um reajuste digno!

Pelo fim dos privilégios!

Sindicatos dos jornalistas e radialistas do DF, RJ, SP e DF.

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