Depois da realização do 13º Congresso Estadual da CUT São Paulo (CECUT), realizado em maio, e após o 11º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT), entre os dias 9 e 13 de julho, os dirigentes da CUT/SP estão reunidos até quinta-feira (19/07) no Instituto Cajamar, há 38 km da Capital, para o planejamento da gestão no período 2012-2015 a partir das diretrizes definidas nos congressos para a classe trabalhadora. A diretora de Comunicação e Cultura do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e membro da Diretoria Plena da CUT/SP, Lílian Parise, representou a entidade no evento.
De acordo com o presidente Adi dos Santos Lima, o objetivo do encontro é traçar a linha-mestra para o próximo período, e destacou que, para planejar, é preciso dividir responsabilidades. Desenvolvimento com qualidade para mudar São Paulo é o eixo principal, definido no 13º Congresso Estadual da CUT/SP, que vai pautar a definição de propostas de ação na agenda da classe trabalhadora.
Entre os desafios apontados, Adi ressaltou a necessidade de lutar para mudar a lógica de poder do PSDB que há quase 20 anos está implantada em São Paulo, para que o estado entre no rumo de desenvolvimento através de políticas públicas como as que têm gerado crescimento econômico e social em outras regiões do país. “É preciso interromper a lógica de estado mínimo que está em curso no governo paulista. Não podemos tirar essa inversão da nossa pauta”, frisou o dirigente.
“Conseguimos chamar atenção da mídia, do governo estadual e municipal para o tema do transporte público, mas há outros pontos importantes dentro da conjuntura atual que exigem mobilização da classe trabalhadora”, afirmou.
A abertura do encontro contou com análise de conjuntura feita pelo deputado estadual Edinho Silva, presidente do PT-SP. Participam do planejamento da CUT/SP os dirigentes da direção estadual plena, das Subsedes e dos ramos, além de assessores e equipe de apoio.
Investimentos pífios e falta de medidas anticrise pautam governo de SP
A ausência de um modelo de desenvolvimento para São Paulo por parte do governo do PSDB é um dos pontos críticos na análise de conjuntura feita pelo deputado estadual Edinho Silva, presidente do PT-SP, na manhã desta terça-feira no Instituto Cajamar. O parlamentar participou da abertura do encontro de dirigentes que vão planejar os rumos da CUT/SP para a gestão 2012-2015.
No nível nacional, a capacidade do governo federal de responder ou não à crise vai determinar a conjuntura no próximo período. “O governo Dilma está reagindo com medidas de apoio à industrialização, mas a desaceleração econômica coloca o país numa situação de alerta”, afirmou Edinho.
Já em São Paulo, o problema é que não há qualquer medida para enfrentamento da crise – “O que há é um governo autoritário na Assembleia Legislativa, que impede o legislativo de cumprir uma das suas principais funções, que é fiscalizar”. Para Edinho, no governo Alckmin reza a cartilha e a concepção de estado do PSDB, ou seja, estado mínimo e sem a participação da sociedade civil. “O grande desafio em São Paulo é o campo democrático e popular aumentar sua influência, inclusive para consolidar o projeto nacional de desenvolvimento”, observa o parlamentar.
Ele classificou de absurdas a criação de CPI’s na Assembleia Legislativa como a gordura transgênica, da TV paga e até do ensino privado. “Nunca vi governo investigar ensino privado e esquecer a educação pública. A agenda da ALESP é que a interessa ao governo do PSDB”, completou.
Na avaliação de Edinho Silva, a falta de investimentos do governo tucano faz parte de um modelo que enfraquece o papel do estado. Do total de ações previstas no ano passado, nada menos que 63% não foram cumpridas por Geraldo Alckmin. De acordo com o deputado, em 2011, do orçamento total previsto, o que foi efetivamente realizado apresenta índices pífios em diversas secretarias, tais como:
Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia – 8%
Desenvolvimento Metropolitano – 1,9%
Direitos da Pessoa com Deficiência – 0,3%
Educação – 0,6%
Emprego e Relações do Trabalho – 0%
Habitação – 2,6%
Justiça e Defesa da Cidadania – 3,5%
Segurança Pública – 0,6%
O transporte público é mais um dos importantes setores onde há ausência de investimentos. Do total previsto em mobilidade urbana, principalmente no metrô, são R$ 18 bilhões não executados na última década.
Nos municípios, o corte do orçamento foi de 30% na média geral. Na cidade de Registro, a mais pobre do estado, o corte foi de 45%; em Franca, de 60%; e o maior corte, de 62%, foi em Presidente Prudente. “Há um esvaziamento populacional e da base econômica em regiões como Presidente Prudente e Araçatuba”, relata Edinho.
Outro problema apontado é a política de implantação de pedágios, que também impede a descentralização de investimentos. “Fica inviável tirar um produto do interior e trazer seja para exportação no porto de Santos, seja para consumo na capital e na Grande São Paulo”, ressaltou.
Texto e foto: Flaviana Serafim – CUT/SP