O Seminário Sindical Internacional “Comunicação: O desafio do século”, realizado nesta segunda-feira (28), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, destacou a aprovação do Marco Civil da Internet no Congresso Nacional, em um processo onde a classe trabalhadora assuma a democratização dos meios de comunicação como uma das bandeiras prioritárias de luta.
A secretária de Comunicação e Cultura do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Lílian Parise, e o diretor adjunto Alan Rodrigues (em primeiro plano), participaram do debate que reuniu cerca de 200 pessoas. O Sindicato foi representado também pelo diretor regional do ABCD, Peter Susano Silva, e pelo diretor adjunto do Interior e Litoral, José Eduardo de Souza, que falou em nome da Rádio Comunitária Cantareira na mesa que encerrou o encontro.
Além da necessidade de o movimento sindical assumir o protagonismo da luta pela democratização da mídia, a grande discussão foi a aprovação do Marco Civil da Internet, considerada por todos como uma grande vitória da mobilização e da pressão da sociedade. O relator da matéria, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), que participou da mesa de debate, também comemorou: “Foi uma vitória memorável e o Brasil está dando um exemplo. Costumo dizer que o marco civil ainda não é o melhor dos mundos, mas atualmente é o melhor do mundo”. Segundo ele, foram muitos entraves ao longo de cinco anos até a aprovação no Congresso, com pressão de todos os tipos. “Mas a presidenta Dilma não cedeu e manteve o pedido de urgência na tramitação. É só o começo, mas demos um grande passo para a internet livre, transparente e democrática”, concluiu.
Sérgio Amadeu da Silveira, professor da Universidade Federal do ABC, também destacou que “a regulamentação do marco aprovado deve ser colaborativa e ouvir os movimentos sindical e social”.
Para a secretária de Comunicação do SJSP, o Brasil aprovou uma lei que garante o direito de todos à internet. “A temática escolhida para o Seminário foi pensada para incentivar a reflexão sobre a necessidade urgente de democratizar da mídia no Brasil, garantindo a pluralidade e a diversidade nos meios de comunicação. E, por feliz coincidência, estamos aqui comemorando a aprovação e debatendo a regulamentação necessária para o marco regulatório da internet, uma vitória da luta pela democratização da comunicação”, destaca Lílian Parise.
A atividade organizada pela CUT São Paulo, em parceria com a Fundação Friedrich Ebert, Fundação Perseu Abramo e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC integra a programação do 1º de Maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora 2014.
Movimento sindical: Foi consenso entre as lideranças cutistas o protagonismo que o movimento sindical dever exercer nesse processo. O presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos Lima, apontou a bandeira como parte das atividades dos 30 anos da Central. Já a secretária de Comunicação da CUT Nacional, Rosane Bertotti, reeleita no último final de semana como coordenadora do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), ressaltou o papel do movimento sindical. “É preciso ter decisão política do centro do comando do país, como a Dilma sancionar o Marco Civil da Internet. Neste ano de Copa, estaremos nas ruas pelo trabalho decente e também nas eleições porque acreditamos em um projeto democrático e popular”, destacou a dirigente.
O secretário de Relações Internacionais da CUT Nacional, João Antônio Felício, disse que o desafio é romper com o monopólio dos meios de comunicação. “A grande imprensa controla a informação e divulga o que melhor cabe à ela. Mas isso muitas vezes significa informar errado sobre alguma situação, o que é um grande ataque à democracia”, pontua.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, o movimento sindical precisa encontrar alternativas para comunicar e romper com o poderio de grupos. “A nossa maior experiência é a construção da TVT.
Cooperação: A diretora da Fundação Friedrich Ebert, Tina Hennecken, parabenizou a CUT pela construção do seminário internacional e ressaltou ser um momento importante no Brasil, pois o país passa por transformações na área política, social e democrática. “Vimos as grandes manifestações do ano passado, principalmente por meio das redes sociais, que nos mostraram a vontade do povo em se expressar. A internet tem essa força de democratizar informações e acontecimentos”, falou.
Tina destacou ainda o marco civil como uma vitória das classes populares. “Uma regulamentação mais progressista é um desafio. Esse seminário é um espaço para refletirmos juntos estratégia para avançarmos”.
A mídia no Brasil: O deputado federal Vicentinho também esteve no seminário. Convidado ao palco, ele falou sobre a influência da mídia no Brasil. “A comunicação tem ideologia, tem lado. Antes de Lula ter sido eleito, ele era chamado de analfabeto, de burro e de nordestino, de forma pejorativa. A mídia contribuiu com isso. O Lula foi eleito e passou a ser apresentado diferente. O marco civil da internet é uma grande vitória e temos lutado no Congresso para avançarmos. Um exemplo é o projeto criado para que as centrais sindicais tenham espaço na televisão. Mas a revista Veja foi a primeira que se colocou contra”, concluiu.
Com informações da CUT/SP. Foto: Dino Santos