A diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) se soma às consciências democráticas, aos movimentos sociais representativos e ao sindicalismo combativo deste país para condenar de forma veemente o Golpe de Estado em curso, consolidado pela decisão do Senado Federal, tomada nesta madrugada, de aceitar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e afastá-la do cargo. Com o pretexto de acusações inconsistentes, um Congresso Nacional desmoralizado, com grande número de integrantes processados por diversos delitos, pretende se sobrepor à soberania popular e empossar um presidente ilegítimo.
A ação revoltante de parlamentares, de partidos e de setores da elite nacional afronta não só os 54 milhões de cidadãos que elegeram Dilma Rousseff presidente da República, mas sim o conjunto do eleitorado e do povo brasileiros, que veem sua soberania ser pisoteada de forma vergonhosa.
O repúdio ao golpe em curso vem do apreço desta direção sindical pela democracia, e também de sua firme posição de defesa dos direitos sociais e trabalhistas e do patrimônio público. As medidas gestadas pelo golpista Michel Temer formam o verdadeiro programa de um governo não-eleito, que busca impor pela força ao povo brasileiro medidas que jamais seriam aprovadas numa votação popular. A retirada de direitos trabalhistas (com a prevalência do negociado sobre a lei), a privatização generalizada das empresas públicas e a abertura da exploração do petróleo do pré-sal às multinacionais, entre outros pontos de marcante retrocesso, estão explícitos no programa Ponte para o Futuro, nas declarações de Temer e em projetos que já tramitam no Congresso patrocinados por esse grupo.
Com a autoridade de quem combateu nos últimos anos todas as medidas contrárias aos interesses de seus representados, com completa independência frente a qualquer governo, a diretoria do SJSP se junta aos que chamam à luta contra o golpe e contra os golpistas. Para esta tomada de posição, partimos do próprio programa de nossa diretoria, eleita pela categoria em agosto de 2015, no qual se lia: “Em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas. (…) Não aceitamos golpe, tampouco retirada de direitos. (…) Corrupção se combate com Reforma Política, e esta se faz por meio de uma Constituinte Exclusiva e Soberana”. Realizamos debates e atos no âmbito da entidade. Impulsionamos o Manifesto “Em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais”, encabeçado por Audálio Dantas e Fernando Morais, e assinado por cerca de 2.000 jornalistas.
Como dirigentes da entidade representativa dos jornalistas de SP, também acusamos o papel nefasto dos grandes meios de comunicação, que atuaram de forma parcial e permanente contra o governo de Dilma. Os jornalistas são uma categoria assalariada, à qual os donos da mídia negam o direito de consciência e de liberdade de expressão, e denunciamos o clima de intimidação reinante nas grandes redações contra as vozes dissonantes.
Da mesma forma, atuamos permanentemente para garantir o exercício profissional e combater qualquer forma de agressão e intimidação contra os profissionais da comunicação. O SJSP repudia a violência contra os profissionais de imprensa e exige a apuração e a punição dos responsáveis por atos de agressão.
O Sindicato dos Jornalistas de SP tem marcada em sua história a resistência altiva e firme contra a ditadura militar e seus crimes, muitos dos quais permanecem impunes até hoje. É essa a herança que recebemos. É essa a nossa tradição. Neste momento, em defesa dos interesses da categoria por nós representada, bem como aos da classe trabalhadora brasileira – à qual nos somamos, por meio de nossa filiação à Central Única dos Trabalhadores (CUT) – e aos da imensa maioria da população brasileira, dizemos: Não ao Golpe! Não ao governo ilegítimo de Temer! Não toquem em nossos direitos! Viva a democracia e a soberania popular!
São Paulo, 12 de maio de 2016