Graças à pressão exercida por diferentes coletivos e entidades, incluindo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), a direção da Escola Estadual Vladimir Herzog afirmou em comunicado que não tem mais a intenção de adotar o modelo “cívico-militar” em sua gestão. “A direção da escola esclarece que inicialmente foi considerada a proposta de adesão ao modelo cívico-militar, unicamente, com o objetivo de dar transparência ao processo, com a consulta da comunidade escolar, famílias e alunos. Diante de uma nova análise sobre o tema, decidimos não dar continuidade à consulta”, registrou a nota publicada nas redes sociais da escola, localizada na cidade de São Bernardo do Campo.
O recuo por parte da diretoria da escola estadual é uma importante vitória diante da ofensiva promovida pelo governador bolsonarista Tarcisio de Freitas em delegar à Polícia Militar atribuições educativas que lhe são indevidas e incompatíveis. Em outros estados da federação onde esse modelo é adotado, como no caso do Paraná, há diversos relatos de familiares e estudantes sobre a piora das condições de educação, com o crescimento de práticas autoritárias que são próprias dos setores de extrema-direita que pretendem militarizar o ensino e abrir caminho ao fascismo.
Por motivos óbvios, a inclusão da Escola Estadual Vladimir Herzog no programa “cívico-militar” seria uma afronta à memória de um jornalista assassinado pela ditadura militar, bem como uma agressão a seus familiares, amigos e à categoria profissional dos jornalistas. Mas há centenas de outras escolas estaduais que correm o risco de adotarem esse absurdo modelo de ensino.
Assim, nos somamos à Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e diferentes entidades sindicais e da sociedade organizada para lutar contra o avanço das escolas “cívico-militares” em nosso estado. Enquanto aguardamos a confirmação oficial de que a E.E Vladimir Herzog de fato seguirá com sua atual diretriz de ensino, nos mobilizamos para se somar às atividades e atos que debaterão com a população paulista sobre os riscos que o modelo “cívico-militar” representa na formação de centenas de milhares de jovens estudantes.
Orientamos as diretoras e diretores de nossa entidade a se engajarem nas campanhas locais, dialogando também com nossa categoria para que o tema consiga ter destaque suficiente nas pautas de diferentes veículos jornalísticos. Diante do avanço do obscurantismo no estado de São Paulo, a partir do governo Tarcisio de Freitas, nos manteremos atentos e organizados!
São Paulo, 22 de julho de 2024
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo