A predileção da grande mídia pelo candidato Aécio Neves, do PSDB, em detrimento da reeleição de Dilma Roussef, é amplamente conhecida de todos. Empresários, como qualquer cidadão, têm o direito à opinião e ao exercício democrático de escolha. O que é inadmissível em um estado democrático de Direito é o poder que o capital lhes oferece para manipular e pressionar consciências. Em se tratando da indústria da Comunicação, esse poder desmedido se torna ainda mais pernicioso.
A sucessão de desmandos ocorre quase que diariamente em várias redações do país. Os Sindicatos dos Jornalistas e o dos Trabalhadores Administrativos de Minas Gerais já denunciaram que os trabalhadores dos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense foram pressionados a participar de atos de campanha em favor de Aécio Neves, em um estado onde o ex-governador por diversas vezes foi acusado de “pedir a cabeça de jornalistas” que ousaram publicar textos que não fossem de seu agrado.
Outra vítima de “crime de opinião” foi o jornalista Xico Sá, que se demitiu do jornal Folha de S. Paulo por que seus editores não admitiram que ele declarasse apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff em sua coluna, que é um espaço destinado à opinião.
A direção do jornal O Globo também licenciou por três meses a editora de País, Fernanda da Escóssia, responsável pela cobertura eleitoral, por que ela procurava efetuar uma cobertura equilibrada da campanha eleitoral, contrária a orientação oficial da empresa de privilegiar uma das candidaturas. Diversos jornalistas, demitidos da TV Globo após a eleição anterior, já haviam denunciado este tipo de atitude da empresa.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) vem a público condenar esta prática que empresas de Comunicação exercem punindo e pressionando jornalistas que não estejam afinados com a candidatura apoiada pela grande mídia. Trata-se de um crime contra a liberdade de imprensa e uma afronta à liberdade de opinião, aos moldes do macartismo norteamericano que, durante o período da guerra fria, perseguia aqueles que manifestassem opinião política contrária à oficial.
Essa truculência exercida pelos Barões da Mídia e seus “braços-direitos” nas redações só pode ser considerada como censura, o que nos remete aos piores anos da ditadura militar. Assim, o SJSP presta solidariedade às vítimas desse descalabro, protesta contra esta atitude das empresas de Comunicação e exige que a liberdade de imprensa seja uma prerrogativa real dos jornalistas e não um conceito vago moldado ao sabor dos interesses dos empresários.