Oito Comissões da Verdade se reuniram na segunda-feira (9/9), na Câmara Municipal de São Paulo, para trocar informações e discutir formas de cooperação com vistas ao resgate da história de desrespeito aos direitos humanos no Brasil entre os anos de 1946 e 1988 – período abarcado pela Comissão Nacional da Verdade no trabalho de apuração das graves violações aos direitos dos cidadãos por ação direta ou indireta do Estado brasileiro.
A reunião foi organizada pela Comissão da Verdade Municipal “Vladimir Herzog”, da Câmara Municipal de São Paulo, que é presidida pelo vereador Gilberto Natalini (PV-SP). Participaram do encontro a Comissão Nacional da Verdade, representada pelo coordenador José Carlos Dias – advogado de presos políticos na ditadura – e pela psicanalista Maria Rita Khel; a Comissão da Verdade Estadual “Rubens Paiva”, da Assembleia Legislativa de São Paulo, representada por seu presidente, Adriano Diogo (PT-SP); a Comissão da Verdade da Universidade de São Paulo, representada pelo jurista Dalmo de Abreu Dallari; a Comissão da Verdade da PUC-SP, representada pela professora Rosalina Santa Cruz; a Comissão da Verdade da Unifesp – Universidade Federal de São Paulo, representada pela professora Ana Nemi; a Comissão da Verdade da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, representada pelo estudante Dyego Oliveira; e a Comissão da Verdade dos Jornalistas de São Paulo, representada por Milton Bellintani e Vilma Amaro, do grupo de trabalho do Sindicato dos Jornalistas. Participaram, ainda, o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sotilli, a vereadora Juliana Cardoso (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal e vice-presidente da Comissão da Verdade “Vladimir Herzog”, e a professora Solange de Souza, da Unesp – Universidade Estadual Paulista.
O atual coordenador da Comissão Nacional da Verdade, José Carlos Dias, destacou a importância da reunião para fazer avançar os trabalhos de apuração das violações contra os direitos humanos no Brasil. O vereador Gilberto Natalini relatou os trabalhos realizados pela Comissão da Câmara em 2013, no que foi seguido pelos representantes das demais Comissões da Verdade presentes. Em sua fala, o jornalista Milton Bellintani lembrou que 24 jornalistas figuram entre os mortos e desaparecidos na ditadura de 1964-1985 e afirmou que a impunidade desses crimes contribui para que a violência contra profissionais de imprensa continue. “Desde a reconquista da democracia, 25 jornalistas foram mortos no Brasil. E outros tiveram de se exilar, em plena vigência do Estado de Direito, para se defender de ameaças de setores que, ao que tudo indica, têm uma ligação umbilical com os agentes da repressão política da ditadura”, disse.
A Comissão da Verdade dos Jornalistas de São Paulo está organizando um calendário de audiências públicas que serão realizadas até o fim de novembro, que será divulgado nos próximos dias. No dia 5 de dezembro, ela entregará o seu relatório à Comissão Nacional da Verdade, Memória e Justiça dos Jornalistas, que é presidida pelo jornalista Audálio Dantas.
Texto: Milton Bellintani
Foto: Douglas Mansur