Mesmo com o estado de São Paulo batendo recorde de pessoas internadas pela covid-19, a direção da EBC anunciou a convocação de mais empregados para o trabalho presencial na capital paulista, principalmente da TV Brasil.
Em meio à segunda onda da pandemia, os sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas de SP, além da Comissão de Empregados, insistem há meses para que a empresa reconsidere o trabalho presencial, sob risco de uma contaminação geral que vitime trabalhadores, ou mesmo inviabilize o trabalho. As medidas sugeridas têm sido sistematicamente ignoradas pela empresa.
Hoje o estado de São Paulo tem mais de 6 mil pessoas internadas em UTI, o pior momento em um ano de pandemia. Na Grande SP, onde moram os trabalhadores da praça da EBC, já são mais de 900 internações novas por dia, e a ocupação de leitos de UTI está em 70%, com 100% em alguns hospitais. Além disso, um estudo divulgado nesta semana mostra que um em quatro pacientes intubados acaba morrendo e que 40% têm que ser reinternados.
Para piorar, a empresa anunciou na última semana que vai aumentar a convocação presencial dos trabalhadores do telejornalismo, acabando com o esquema de revezamento que vem sendo feito para diminuir a quantidade de pessoas na sedes em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Um cenário que expõe todos os trabalhadores a ainda mais riscos.
Os sindicatos dos Jornalistas e dos Radialistas, junto à Comissão de Empregados da EBC, há meses vêm oficiando a direção da empresa, não só em SP, como também no DF e RJ, sobre a necessidade de se estabelecer mais protocolos de segurança, e adotar o trabalho presencial como exceção, para os serviços que não podem ser feitos remotamente. Mas os pedidos vêm sendo ignorados pela direção da empresa, que ao mesmo tempo quer retirar direitos nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho.
Ministério Público do Trabalho
A situação foi denunciada pelas entidades sindicais ao MPT de São Paulo, que em dezembro do ano passado oficiou a empresa, sugerindo a adoção de várias medidas. O ofício assinado pela procuradora do Trabalho Alline Pedrosa Oishi Delena sugere, entre outras medidas, a permissão o teletrabalho, quando possível, a flexibilização dos horários de trabalho para evitar proximidade entre os funcionários, e aceitar autodeclaração dos trabalhadores em relação ao estado de saúde. A direção da EBC segue negligenciando as recomendações.
Os sindicatos e a Comissão de Empregados da EBC seguem vigilantes sobre a questão da covid-19 na empresa, e insistem para que a empresa tenha mais bom senso e respeito à saúde de seus trabalhadores.