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Cojira protesta contra legenda racista na revista Vice

Cojira protesta contra legenda racista na revista Vice


A versão brasileira da Revista Vice Land, do Canadá, que por aqui é distribuída gratuitamente na região da Rua Augusta, em São Paulo, trouxe na sua edição online conteúdo racista. Na seção “Dos & Don´ts“ foi publicada a foto de uma mulher negra usando uma camiseta dos Rolling Stones e a seguinte legenda: “É por isso que todo mundo deveria transar com uma negra pelo menos uma vez na vida. Mesmo que ela viva no depósito de uma bodega”.

 

Presente em 18 países, a publicação tem como linha editorial a abordagem de temas polêmicos e imagens provocativas, mas desta vez extrapolou e foi racista. O caso chegou à Cojira pela analista de mídias sociais Juliane Cintra, que é colaboradora da comissão. “Como mulher negra, me senti muito ofendida. Ouvimos há anos esse tipo de coisa, somos encaradas como objetos há milênios. No caso do post da Vice, acho que a agressão foi ainda mais chula. Eu senti nojo!”, afirma.

Ela divulgou uma carta aberta de repúdio à iniciativa (veja abaixo) na sexta-feira (23). No mesmo dia, a Vice publicou em seu site o que seria uma retratação. “Pessoal, estamos cientes da ofensa causada por um post que traduzimos da gringa, mas já o apagamos. Pela nossa existência, perdão”.

Medidas

Na internet, já há uma campanha de boicote à revista. A Cojira também está tomando as medidas cabíveis com relação ao caso. A intenção é que a revista se retrate pelo que fez, dando a esse pedido de desculpas o mesmo espaço que deu à foto e à legenda. “Racismo é crime. Eles precisam ser enquadrados para que revertam essa publicação discriminatória em algo favorável, como a promoção de valores da cultura negra”, afirma Guilherme Soares Dias, integrante da Corija.

Outra integrante da comissão Juliana Gonçalves lembra que o caso mostra que o racismo e o preconceito de gênero ainda permeiam a nossa sociedade. “Mesmo numa revista cool, o pensamento conservador se mantém. Uma sociedade livre do sexismo e racismo nunca teria uma publicação como essa”. Ela reforça ainda que a publicação vai contra o papel social do jornalismo.. “Como jornalistas, devemos tentar quebrar esses estereótipos racistas e sexistas, e não reforçá-los”.

Carta aberta de Juliane Cintra, da Cojira:

Eu, enquanto jornalista e mulher negra, tendo em vista foto publicada na seção “Dos & Don’ts” da versão brasileira da revista Vice, com legenda racista, manifesto o meu repúdio e exijo providências cabíveis.

Por acreditar que a discriminação racial deve ser banida de nossa sociedade, compartilho com todos a minha insatisfação com tal prática. A referida publicação reforçou a tríplice opressão de quais todas nós mulheres negras somos vítimas, a discriminação por Gênero, Raça/Etnia e Classe, violando a nossa dignidade como pessoas.

Pelo Brasil ser detentor de legislação nacional que tipifica e criminaliza o racismo e as discriminações por gênero e raça, creio que a Revista Vice deva se retratar de maneira adequada e ser punida de acordo com os termos previstos na lei, por ter se aproveitado de estereótipos e mitos sobre a nossa sexualidade, oriundos dos tempos da escravidão, que garantem a manutenção das desigualdades.

Conto com apoio de todos na divulgação e no combate às barreiras que nos impede de usufruir da igualdade de direitos.

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