“Eu não sou seu negro”, de Raoul Peck, analisa a história da população negra na América, pautada pela escravidão, pelas leis segregacionistas, pela violência policial que dizima ainda hoje muitas vidas
O Cineclube Vladimir Herzog exibe, às 19h30, nessa última terça-feira de novembro (dia 28), mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra, o documentário “Eu não sou seu negro” (I Am Not Your Negro, 2016), do cineasta haitiano Raoul Peck. O filme utiliza o livro inacabado de James Baldwin – batizado de Remember This House (1979) – sobre o racismo nos EUA para examinar as questões raciais contemporâneas, com relatos sobre as vidas e assassinatos dos lideres ativistas Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr, todos “mortos com menos de 40 anos” em um intervalo de apenas cinco anos (Evers, em 1963; X, em 1965; King, em 1968).
“A história dos negros na América é a história da América. E não é uma história bonita”, narra o documentário. Além do livro, Raoul Peck usa cartas, trechos gravados de discursos e entrevistas de Baldwin para estruturar o longa-metragem – por isso, tem seu nome também assinando o roteiro – e conta com a narração do ator Samuel L. Jackon.
O filme também traz flashes da história americana, pautada pela escravidão, pelas leis segregacionistas, pela violência policial que dizima ainda hoje muitas vidas, ao passo que apresenta o revide negro, as marchas, os Panteras Negras e o recente movimento do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). A atemporalidade das palavras de Baldwin fica visível, sobretudo, nos momentos em que o documentário mostra imagens de inúmeros conflitos recentes motivados por questões raciais. O escritor soa atualíssimo ao falar da segregação institucionalizada e do racismo, velado ou não, do sistema político vigente à época, mostrando que pouco mudou desde o histórico movimento social Black Power ao contemporâneo Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).
Após a exibição do filme, haverá um debate que contará com a presença de Flávio Carrança, coordenador da Cojira (Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial) de São Paulo e do professor e escritor Jeosafá Fernandez Gonçalves, autor dos livros “O Jovem Malcom X” (2011, Editora Nova Alexandria) e “O Jovem Mandela” (2013, Editora Nova Alexandria), que também venderá e autografará os livros. Além disso, também contará com a presença de várias lideranças do movimento negro.
O Cineclube Vladimir Herzog é uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) e do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) e visa resgatar um espaço que teve papel importantíssimo na resistência à ditadura e na luta pela redemocratização do país. Filmes como “O Homem que Virou Suco” (João Batista de Andrade, 1981) chegaram a um imenso público a partir das sessões realizadas no auditório Vladimir Herzog do Sindicato.
O que: exibição do documentário “Eu não sou seu negro” (direção de Raoul Peck) seguido de ebate sobre o racismo no Brasil.
Quando: 28 de novembro (terça-feira), às 19h30.
Onde: R. Rêgo Freitas, 530 – República, São Paulo – SP – Sobreloja.
Mais informações: (11) 3229-7989
Escrito por: Redação – Cineclube Vladimir Herzog