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Cineclube do Sindicato é reinaugurado com filme sobre Vlado

Cineclube do Sindicato é reinaugurado com filme sobre Vlado


 

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Na noite de  ontem (24), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) reabriu o seu histórico Cineclube Vladimir Herzog. A estreia não poderia ser diferente, carregada de valores simbólicos e nostálgicos, com a exibição do filme Vlado, 30 anos depois, do cineasta João Batista de Andrade, que esteve presente e participou de debate após a projeção.

João Batista, que trabalhou com o Vlado em Londres, construiu o filme para preservar a memória do amigo. “Apesar do filme ter sido lançado em 2005,  esse  dos 30 anos da morte do Vlado, continua sendo o filme mais importante sobre ele.  Acho que é autodescritivo e muito revelador sobre o aspecto da ditadura e o Sindicato dos Jornalistas é o centro da história do Vlado. Então é muita emoção”.

O filme começa com João Batista colhendo depoimentos de pessoas na praça da Sé, perguntando se elas sabiam quem tinha sido Vladimir Herzog. A partir desse momento, a história do jornalista assassinado no DOI-Codi, no dia 25 de outubro de 1975, é contada através de depoimentos de pessoas próximas, jornalistas e familiares de Vlado.

Na recepção aos presentes, o  presidente do Sindicato dos Jornalistas, Paulo Zocchi, falou que o relançamento do Cineclube é motivo de orgulho, pois recupera o papel do auditório como fomentador de debate de assuntos relevantes sobre a nossa própria história.  “Particularmente, acredito que há uma ferida aberta, porque esses torturadores e assassinos passeiam pelas ruas sem nunca ter pago pelos seus crimes. Essa ação do ponto de vista do resgate democrático do país é primordial para avançarmos e acertar as contas com esse passado. Esse documentário é um elo com a nossa história”, afirmou Zocchi.

Logo após a exibição do filme foi realizado um debate. Nele, a secretária de Relações Sindicais e Sociais do SJSP, Telé Cardim, disse  que foi muito especial a retomada do Cineclube e agradeceu a presença do cineasta. “Foi uma honra poder exibir esse filme no Sindicato e ter a presença de um grande cineasta como o João Batista, a quem eu gostaria de agradecer por ter aceito o nosso convite. Eu não conhecia o filme, mas posso dizer agora, que ele é muito importante, principalmente para os jovens jornalistas conhecerem a nossa história”.

joaobatistaJoão Batista também revelou que tinha “uma falha que precisava corrigir” e até por isso a base do documentário é a sua relação com os entrevistados e a proximidade deles com Vlado. “As pessoas costumam dizer que o filme é construído por depoimentos de pessoas envolvidas. Eu acho que não é bem isso. É, na verdade, um amigo do Vlado,  que é cineasta contando a história de outro amigo, que foi torturado e morto. Eu estava completamente integrado com o assunto e isso permitiu que as pessoas falassem o que elas não falariam para outras. Elas se desnudaram e relataram o que era a repressão e a tortura”.

O secretário Jurídico do Sindicato, Vitor Ribeiro, que também é um dos responsáveis pela montagem e organização do Cineclube, falou do valor histórico e da sua expectativa. “Temos a pretensão de resgatar  o sucesso que o Cineclube teve em todo o seu sentido. Propiciar ao público exibições raras e ainda dar a oportunidade de conversar com os produtores dos filmes. E esse Cineclube teve um papel muito importante,  principalmente no combate à repressão daquela época e do sufoco cultural que existia no Brasil”.

Victor Chinaglia Junior,  também diretor jurídico do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo, contou que o “Cineclube é um ícone na luta pela liberdade e democracia”. Para Sérgio Gomes que presenteou João Batista com um livro da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo e foi participantes do filme, esteve presente e disse que é “importante o SJSP  debater  as questões de natureza política e cultural”. A diretora do SJSP, Rose Nogueira, que trabalhou com Vlado na TV Cultura, também foi uma das pessoas que  deram depoimento no filme.

João Luiz de Brito Neto, um dos participantes do cineclube do Sindicato em 1970 e do atual, avaliou a primeira sessão. “O sentimento é a prova da retomada. O cineclube é isso, é você ter o filme e o debate. Acho que isso é  uma escola do cinema, uma escola política, que começa a fazer uma formação ideológica, não só por ver a obra, mas para entender o que está atrás dela e qual a sua verdadeira mensagem”.

As sessões no Cineclube do Sindicato serão exibidas todas às terças-feiras, exceto feriados. O segundo filme será apresentado no dia 8 de dezembro, com documentário  sobre Carlos Marighela e com a presença da cineasta Isa Ferraz. Será o último a ser exibido em 2015.  

 

Legenda 1: público acompanha a exibição do filme 

Legenda 2: João Batista de Andrade, diretor do documentário. Atrás dele, retrato de Vladimir Herzog

Fotos: Cadu Bazilevski

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