Foi realizada nesta quarta-feira (6), a cerimônia que relembrou os 40 anos da ofensiva dos jornalistas contra o regime ditatorial. Para marcar a data histórica – dia 6 de janeiro de 1976 – quando foi divulgado como matéria paga, na sessão de classificados no jornal Estado de São Paulo, o documento “Em nome da Verdade – Os jornalistas e as dúvidas sobre a morte de Herzog”, que questionava as torturas e contestava as conclusões do Inquérito Policial Militar que confirmava o suicídio de Vlado, nas dependências do DOI- Codi, na capital paulista. Para fazer alusão a data foi colada uma faixa no quarteirão da Câmara Municipal, na Rua Santo Antônio com Praça da Bandeira, onde fica a praça Vladimir Herzog, com o dizer “Praça Memorial Vladimir Herzog”, onde em breve deverá receber placas com os nomes dos 1.004 colegas combativos.
A escultura “Vlado Vitorioso”, concebida pelo artista plástico Elifas Andreato em 2008, a pedido das Nações Unidas, para comemorar os 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos, será construída em tamanho natural futuramente para fazer parte do espaço. O mesmo será feito com o “Troféu Vladimir Herzog”, que anualmente, desde 1979, é entregue aos profissionais de imprensa que se destacaram com matérias ou reportagens sobre “Anistia e os Direitos Humanos”
Atividade foi marcada pela presença de diversos colegas de Vlado como o jornalista Sérgio Gomes, ex preso político, o então presidente do SJSP, Audálio Dantas, o filho do jornalista e presidente do Instituto Vladimir Herzog Ivo Herzog entre outros. O SJSP foi representado na atividade pelo secretário geral, André Freire.
Sérgio Gomes, que também foi depoente da Comissão da Verdade dos Jornalistas, conta que a ideia de nomear a praça como “Vladimir Herzog” ocorreu em 2012, pela iniciativa, do então, vereador Ítalo Cardoso que continha basicamente três iniciativas: batizar de Vladimir Herzog a Comissão Municipal da Verdade; rebatizar de Vladimir Herzog a praça localizada no quarteirão da Câmara e introduzir algumas obras de arte e prêmio alusivos à luta do jornalista que deu a vida pelo seu país. O Memorial tem a reprodução do quadro feito artista Elifas Andreato chamado “25 de outubro”, criado em 1981, que retrata todos passaram pelos porões da ditadura do Doi-Codi divulgação do documento “Em nome da Verdade”, a replica do troféu Valdo Vitorioso e Prêmio Vladimir Herzog. “Desta forma, encerramos a construção de um dos espaços mais importantes do país quando se fala em democracia brasileira”, argumenta ele.
Já Audálio Dantas, considerou o ato como uma atitude de extrema coragem dos jornalistas. ” Questionar o exército e um documento assinado pelo II Comandante, em plena ditadura, foi muito ousado, cosidera o ex presidente do SJSP.
“Em nome da Verdade – Os jornalistas e as dúvidas sobre a morte de Herzog”
O documento histórico foi divulgado no Jornal Unidade, publicação oficial do pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), no ano de 1976, assinado por 1.004 jornalistas que completou nesta semana, 40 anos.
Em janeiro de 1976, o Sindicato encaminhou à Justiça Militar o manifesto “Em nome da verdade”, subscrito por 1004 jornalistas. Era a primeira vez, naquele período de forte censura e repressão, que se ousava contestar publicamente a versão oficial de suicídio e reclamar a completa elucidação dos fatos, como mencionou na cerimônia o jornalista Audálio Dantas. A repercussão nacional e internacional desse manifesto intensificou o processo de resistência à ditadura militar, abalando decisivamente a estabilidade do governo.
Foi apenas em 1978, porém, que se conseguiu que a Justiça responsabilizasse a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog havia sido assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família.