O Ministério do Trabalho está convocando a editora Casa Amarela, responsável pela revista Caros Amigos, por solicitação do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo (SJSP), para explicar as irregularidades na empresa, a começar pelo desrespeito aos 11 jornalistas de sua redação, em greve desde o último dia 8 de março, demitidos três dias depois. A mesa-redonda está marcada para a próxima quinta-feira (28).
A redação da Caros Amigos paralisou o trabalho em protesto contra a precarização profunda das condições de trabalho. Mesmo publicando uma das mais importantes e respeitadas revistas de esquerda do país, a empresa impunha aos profissionais um cotidiano de desrespeito total aos direitos trabalhistas, a começar pelo fato de que nenhum dos jornalistas tinha o registro em carteira de seu vínculo trabalhista.
Ao entrar em greve, a própria redação explicou que houve diversas tentativas de conversa com a direção da empresa, nos últimos anos, “sempre no sentido de atingir o piso salarial para todos os profissionais, encerrar os atrasos no pagamento dos salários e direitos como férias e 13º, que nos atingiram por mais de uma vez, de conquistar o registro dos funcionários fixos e uma melhor relação com colaboradores freelancers, que também convivem e conviveram com baixas remunerações e atrasos nos pagamentos”.
Com o início da greve, a direção do Sindicato entrou em contato com a redação para expressar seu total apoio ao movimento. A redação buscou uma negociação direta com o dono da empresa, Wagner Nabuco, mas, na segunda-feira, 11 de março, ele comunicou a todos que não trabalhariam mais na revista. Como não havia formalização do vínculo, simplesmente mandou os jornalistas embora, afirmando que pagaria a todos os dias trabalhados em março e quantias referentes a 13º e férias proporcionais. Até agora, isso não ocorreu.
A pedido dos grevistas, a direção do SJSP entrou em contato com Nabuco, que se recusou a receber a entidade para discutir a greve. Em consequência, o Sindicato pediu uma mesa-redonda no Ministério do Trabalho, pois as regras mínimas da democracia e da civilidade impõem que a empresa — ainda mais a que edita uma revista como Caros Amigos — receba o Sindicato que representa seus jornalistas, em uma situação de crise tão grave como a que atinge aquela redação.
Juntos aos 11 jornalistas da redação, a direção do Sindicato pretende debater as ações sindicais e judiciais que possam buscar o não reconhecimento das demissões, a reintegração dos jornalistas à redação e impor à editora o respeito aos direitos trabalhistas da categoria.