Salários de novembro estão atrasados e empresa quer parcelar o 13º em quatro vezes
Os jornalistas da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, decidiram manter o estado de greve devido aos constantes atrasados no pagamento de salários e benefícios. Eles esperam receber, até a próxima segunda-feira (12), o salário que deveria ter sido pago no último dia 20 de novembro.
A decisão foi tomada em assembleia realizada na manhã desta terça-feira (6), em frente à sede da RAC, na Vila Industrial, que, além dos jornalistas, contou com a presença dos gráficos e administrativos da rede, totalizando cerca de 60 trabalhadores.
Na assembleia, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) defendeu manter a proposta de greve e exigir que a RAC negociasse imediatamente apresentando uma proposta formal para os pagamentos porque, em reunião com a entidade nesta segunda-feira (5), a direção da empresa se limitou a promessas verbais.
O SJSP encaminhou a proposta para votação destacando que a decisão seria dos trabalhadores, mas apesar da falta de uma resposta concreta da empresa para resolver os problemas, que se arrastam desde fevereiro, a maioria dos profissionais decidiu, por 37 votos contra 18, aguardar mais uma semana.
Nova assembleia ocorre na tarde da próxima terça-feira (13), quando os profissionais avaliam os resultados de outra negociação com a empresa, prevista para a manhã do mesmo dia.
Sem compromisso
Em reunião com os sindicatos nesta segunda-feira, a direção da RAC prometeu quitar o salário atrasado de novembro até 12 de dezembro, e o salário que deveria ter sido pago no último dia 5 seria quitado até o final do mês.
Para o 13º salário, a proposta é de pagamento em quatro parcelas, de fevereiro a maio de 2017. A folha virá corrigida com 4% de reajuste salarial, referentes à Convenção Coletiva 2016-2017, e outros 2,6% do acordo anterior, que estão pendentes desde janeiro, sendo que as diferenças do período serão pagas em dez parcelas.
No último dia 30 de novembro, a proposta apresentada pela RAC para “regularizar” as dívidas foi manter o atraso dos salários em até 30 dias e parcelar o 13º em 12 vezes, com início em janeiro.
Porém, em nenhum momento a rede apresenta uma proposta para que os constantes atrasos sejam sanados definitivamente e, por isso, a posição da direção do SJSP é pela imediata negociação. Na avaliação dos sindicalistas, a direção da empresa tenta desmobilizar os trabalhadores e, assim, segue sem dar sinais de que a situação será regularizada.
Os problemas financeiros se aprofundam na RAC desde o início do ano e a conta está sendo transferida aos trabalhadores, que, além dos salários, têm sofrido com os atrasos no pagamento de férias e corte de benefícios sem qualquer diálogo, como o plano odontológico que os profissionais perderam em julho.
Os jornalistas também tiveram o Imposto de Renda 2015 descontado na folha de pagamento, mas muitos caíram na malha fina da Receita Federal porque a rede não repassou os valores.
Os atrasos da rede atingiram, ainda, o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da Previdência Social, e a empresa só negociou a quitação dos débitos do FGTS depois de ser autuada pelo Ministério do Trabalho. A RAC alega que as pendências estão sendo encaminhadas junto aos órgãos competentes.
A RAC edita os jornais Correio Popular, Notícias Já, a revista Metrópole e o site rac.com e emprega 250 trabalhadores, dos quais 66 jornalistas, dez gráficos e mais de 170 administrativos.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto por: Regional Campinas