Categoria cruza os braços em paralisação conjunta com os gráficos e administrativos; desde 2016 a RAC vem atrasando pagamentos e trabalhadores estão há dois meses sem salários
Depois de um ano e meio de pagamentos atrasados e após várias tentativas de negociação com a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, os jornalistas, gráficos e administrativos da empresa decidiram entrar em greve a partir das 11h desta quarta-feira (28).
Como a empresa não tem cumprido nenhum dos acordos para regularização dos pagamentos, a decisão de cruzar os braços foi tomada em assembleia na tarde desta segunda-feira (26), convocada pela Regional Campinas do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e pelos sindicatos dos trabalhadores gráficos e dos administrativos.
Além de dois meses de atrasos nos salários, os profissionais também não receberam o 13º que, pelo prometido pela RAC, deveria ter sido quitado em quatro parcelas, de fevereiro a maio último. No começo do ano, a RAC havia se comprometido, ainda, a minimizar a situação dos atrasos com pagamentos semanais de um quarto de salário e das férias, mais os vales correspondentes aos cinco dias da semana, mas a empresa não cumpriu o acordo.
Os vales refeição e alimentação estão atrasados desde dezembro passado, pois o grupo também não cumpriu acordo nem com a empresa que administrava os benefícios, nem com os trabalhadores que deveriam passar a receber os valores semanalmente.
Sem compromisso, sem respeito
Desde o início de 2016, os jornalistas da RAC sofrem com os constantes atrasos nos pagamentos, mas esse não é o único problema enfrentado no período.
A empresa descontou o Imposto de Renda dos trabalhadores sem repassar os valores à Receita Federal e, pelo segundo ano consecutivo, os profissionais podem cair na malha fina.
O grupo também deixou de pagar o adicional de 1/3 quando os jornalistas entram de férias, mas continuou descontando o valor no mês seguinte ao retorno dos trabalhadores.
Os atrasos da rede atingiram, ainda, o recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e da Previdência Social, e a empresa só negociou a quitação dos débitos do FGTS depois de ser autuada pelo Ministério do Trabalho.
A RAC edita os jornais Correio Popular, Notícias Já, a revista Metrópole e o portal rac.com, e, até o final do ano passado, empregava 250 trabalhadores, dos quais mais de 60 jornalistas, dez gráficos e mais de 170 administrativos.
O SJSP tem não só acompanhado o processo, mas pressionado a empresa e negociar e segue mobilizando a categoria.
Na tarde da quarta-feira, os trabalhadores realizam nova assembleia para definir os rumos da paralisação.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto: Reprodução/Wikimapia/CC