Trabalhadores receberão pagamentos semanais para reduzir os atrasos nos salários e benefícios; a quitação do 13º de 2016 será definida em agosto
A greve dos jornalistas, gráficos e administrativos em protesto contra o atraso de pagamentos na Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas, arrancou um acordo com a empresa, depois dos trabalhadores terem cruzado os braços nesta quarta (28) e quinta-feira (29). Todos estão sem salários há dois meses, sem benefícios desde novembro passado e ainda não receberam o 13º de 2016.
Pressionada pela paralisação das categorias, a direção da empresa, representada pelo diretor-presidente Sylvino de Godoy Neto, chamou uma comissão de sindicalistas e empregados para reunião nesta quinta e apresentou a proposta de acordo. Em seguida, depois de um longo e tenso diálogo, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), e os sindicatos das demais categorias na empresa, repassaram a proposta para votação em assembleia e o acordo foi aprovado pela maioria dos trabalhadores.
A promessa da rede é voltar a fazer pagamentos semanais de 25% do salário, como ocorreu entre o final do ano passado e os primeiros meses de 2017, e, na próxima semana, começa a pagar os valores de junho. Parte do salário de abril foi paga em depósitos feitos semana passada, mas o saldo do mês e o valor de maio só serão quitados até o final de setembro.
No caso dos vales refeição e alimentação, atrasados há mais de seis meses, a diretoria da RAC disse que vai buscar permutas e parcerias com o comércio varejista e atacadista de Campinas para que os benefícios possam ser quitados por meio de vale-compras.
Quanto ao 13º salário de 2016, o diálogo com a RAC será retomado em agosto próximo para estabelecer um calendário de pagamentos e, segundo a direção da empresa, a expectativa é quitar o débito até outubro.
Na negociação, sindicalistas e trabalhadores também reivindicaram seis meses de estabilidade aos participantes da greve, porém a RAC não aceitou. A alegação é de que a estabilidade tira a liberalidade da empresa, mas, novamente pressionada, a rede garantiu que não haverá represálias aos grevistas.
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Histórico
Os problemas financeiros da RAC, responsável por veículos como o jornal Correio Popular e a revista Metrópole, se arrastam desde o início de ano passado e pioraram em 2017.
Os jornalistas, gráficos e administrativos da RAC enfrentam atrasos nos pagamentos desde então, mas a direção da empresa só passou a receber os sindicatos dos trabalhadores para dialogar sobre o problema em outubro de 2016, depois de pressionada devido a uma denúncia no Ministério Público do Trabalho em Campinas.
Além dos constantes atrasos de salários e benefícios, os trabalhadores também têm sido prejudicados por outras irregularidades praticadas pelo grupo de comunicação.
A rede fez o desconto do Imposto de Renda na folha de pagamento, mas não repassou os valores à Receita Federal, fazendo com que vários trabalhadores caíssem na malha fina. Também há atrasos nos depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o que levou à autuação da empresa pelo Ministério do Trabalho.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto: Lilian Parise