Congelar salários, vales refeição e alimentação, auxílio creche e convênios; retirar PLR, seguro de vida e reduzir valor da multa por atraso de salários – esta é a proposta indecente apresentada pelos patrões na primeira rodada de negociações
A primeira rodada de negociações da Campanha Salarial de Jornais e Revistas do Interior e Litoral foi na quarta-feira (21), na sede do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas no Estado de São Paulo (Sindjori), no centro da capital paulista.
Os trabalhadores reivindicam reposição da inflação de 3,35% (INPC), acumulada desde a última data base, em junho de 2016, e também 2% de aumento real, pois na Campanha Salarial do ano passado o reajuste dos jornalistas foi 1,5% menor que a inflação do período anterior.
Na mesa, além da cantilena de sempre sobre a crise econômica, a bancada patronal apresentou como proposta um conjunto de itens que representa a derrubada de vários direitos e garantias conquistados ao longo de anos pelos jornalistas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
A proposta é de:
1 – Exclusão da multa pela não instituição do Programa de Participação nos Lucros e Resultados – PLR (cláusula 13º da CCT). Na prática, significa “retirar” o pagamento do PLR, que atualmente está em R$ 955,00;
2 – Retirada da multa pelo atraso no ato da homologação (cláusula 26º), mantendo apenas a multa pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias. A proposta, na realidade, favorece atrasos no recolhimento da multa de 40% do FGTS;
3 – Redução da multa por atraso salarial de 1/90 por dia de atraso (cláusula 6º) para 2% ao mês. A alteração representa um menor poder coercitivo para o pagamento pontual dos salários.
4 – Retirada da obrigação de manter seguro de vida (cláusula 18º), que representa uma perda aos herdeiros do jornalista (atualmente, o valor é de no mínimo R$ 28.875,00, limitada a participação do empregado em 40% do custo);
5 – A exclusão da obrigatoriedade do pagamento de adiantamento salarial (vale), o que, em relação ao que garante hoje a CCT, significa um atraso de 15 dias para o recebimento de 40% do salário;
6 – Proposta de reajuste salarial “zero”, que implica em redução salarial real porque o poder de compra é corroído pela inflação do período;
7- Proposta de reajuste “zero” nos vales alimentação e refeição (atualmente em R$ 233,00/mês e R$ 11,00/dia, respectivamente), outra perda no poder aquisitivo da categoria.
Na prática, o que os empresários propõem é reduzir ganhos, pois com reajuste “zero” nas cláusulas econômicas haverá perda no poder de compra dos jornalistas, uma vez que a inflação do período foi de 3,35%.
Além disso, segundo José Eduardo de Souza, secretário do Interior, “não podemos esquecer que no ano passado já houve uma perda no poder aquisitivo dos salários, com um reajuste 1,5% abaixo da inflação. Ano a ano os profissionais de jornais e revistas no interior, litoral e Grande São Paulo acumulam perdas significativas, enquanto os patrões seguem mantendo seu pro labore”, critica o sindicalista.
Na avaliação dos dirigentes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo que participaram da negociação, o que aconteceu na primeira rodada foi uma demonstração de que os patrões querem mais uma vez salvar seus negócios, prejudicando aqueles que são responsáveis pelos lucros das empresas.
Nesta segunda e terça-feira (26 e 27), a direção do Sindicato visita diversas redações do interior e litoral para dialogar com os jornalistas e convocar a categoria a se manifestar e participar da Campanha Salarial 2017-2018. A segunda rodada de negociação é na quarta-feira (28), na sede do Sindjori.
Escrito por: Flaviana Serafim – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo