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Bauru: Sindicato desautoriza diretor no caso Bom Dia Jaú

Bauru: Sindicato desautoriza diretor no caso Bom Dia Jaú


jornal-bomdia

 

COMUNICADO DA DIRETORIA Nº 3/2012


Assunto: Desautorização da atuação do diretor Tuca Melges diante da crise do jornal Bom Dia Jaú

A Diretoria Executiva do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo comunica que o diretor regional de Bauru, Flávio Augusto (Tuca) Melges, até a presente data, não informou, solicitou ou encaminhou qualquer pedido ou documento sobre a situação dos jornalistas do jornal Bom Dia Jaú. A direção tampouco tem qualquer informação de pedidos de negociação com o Ministério do Trabalho referente ao problema que envolve ilegalidades quanto ao cumprimento de direitos dos jornalistas.


O diretor mora e trabalha em Jaú e há tempos não participa de reuniões da Diretoria Plena do Sindicato dos Jornalistas, nem mesmo entra em contato com a Secretaria do Interior e Litoral e da Diretoria Executiva, desde novembro de 2011.
Só nos últimos dias é que tomamos conhecimento da lamentável situação enfrentada pelos jornalistas do Bom Dia Jaú, que merecem todo nosso apoio e nossa solidariedade.  Afirmamos que Tuca Melges agiu de forma pessoal e totalmente incompatível com seu papel de diretor Regional do Sindicato e afirmamos que suas atitudes e encaminhamentos não refletem a ação sindical do Sindicato dos Jornalistas – baseada na defesa intransigente dos direitos dos jornalistas (conforme nota anexa). 

Em vista disso, desautorizamos o diretor Tuca Melges a falar em nome do Sindicato dos Jornalistas e a exercer qualquer representação legal da entidade em relação à crise do jornal Bom Dia Jaú, repudiamos sua atitude e convocamos o diretor para vir a São Paulo dar explicações à Diretoria Executiva em reunião no próximo dia 4 de abril. Além disso, colocamos todos os recursos da entidade à disposição dos jornalistas atingidos pelos procedimentos inaceitáveis da empresa que administra o jornal Bom Dia Jaú.

Aprovado pela Diretoria Executiva em 26 de março de 2012


PARA ENTENDER A CRISE DO JORNAL BOM DIA JAÚ

A Diretoria Executiva do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo tomou conhecimento, nos últimos dias, dos lamentáveis acontecimentos que envolvem os jornalistas do jornal Bom Dia Jaú. A partir disso, tomou as decisões acima. Os fatos apurados são, resumidamente, os seguintes:

– Em junho de 2011, o jornal Bom Dia Jaú começou a circular, já com vários problemas e ilegalidades, como dupla função (jornalistas dirigindo viaturas da redação), uso de equipamento próprio pelos repórteres fotográficos, contrato pelo piso salarial de 5h para uma jornada diária de até 12h, sem direito a vale refeição e ou alimentação. A equipe foi formada por uma editora-chefe, duas jornalistas, um colunista, um estagiário, um repórter fotográfico e um diagramador.
– Em outubro de 2011, começaram os atrasos nos pagamentos de salários. Houve então um “acordo” feito pelo diretor Regional, Tuca Melges, com o dono do jornal, João Fernando Tobgyal da Silva Santos, sem qualquer consulta à redação. Jornalistas informaram ao Sindicato que Tuca Melges deu apoio à empresa para convencê-los a continuarem trabalhando. Chegou a levar um documento em nome do Sindicato dos Jornalistas estabelecendo um acordo para o pagamento parcelado dos salários atrasados.
– Em novembro de 2011, alguns jornalistas receberam a primeira parcela do atrasado. Mas a editora-chefe pediu demissão, por não ter recebido nada por seu trabalho e não ter tido nenhum descanso, apesar de ter trocado o trabalho numa assessoria de comunicação pelo Bom Dia Jaú.  O jornal ficou sem editor pela primeira vez e as edições são fechadas por duas jornalistas.
– Em dezembro de 2011, outro jornalista, que havia assumido como editor-chefe no final de novembro, também não recebeu salários, pediu para sair e entrou com processo contra o jornal. O Bom Dia Jaú passa a ser fechado novamente sem editor. No final do mês, assumiu novo editor, que pediu para sair em fevereiro. O pagamento dos salários devidos à redação – retroativos e mensais – não aconteceu.
– Em janeiro de 2012, os profissionais da redação só receberam R$ 800, parcela referente ao salário de dezembro. Segundo as informações, os telefones foram cortados por falta de pagamento em 25 de janeiro.
– Diante da grave crise que só prejudicou os jornalistas, quando o papel do diretor Regional deveria ser o de propor mobilização e até greve para exigir direitos da categoria, Tuca Melges tomou uma posição incompatível com o cargo para o qual foi eleito e ainda assume a função de editor do Bom Dia Jaú.
– Ainda segundo as denúncias recebidas pelo Sindicato, a energia elétrica é cortada por falta de pagamento. O jornal é fechado, mas não é distribuído (fica empilhado na redação), os salários continuam não sendo pagos, nem mesmo o combustível. Os jornalistas continuam trabalhando por, segundo as denúncias da redação, “acreditar na promessa do Tuca Melges de que o prefeito Osvaldo Francheschi Júnior iria assumir o jornal”.
– Também segundo as denúncias, em conversas com os jornalistas, Tuca Melges afirma que a solução dos problemas viria depois do Carnaval, prometendo uma reunião da redação com o prefeito (futuro dono) e Tobgyal (atual dono).

– A redação trabalhou até 17 de fevereiro, fechou a edição do dia 18, e foi comunicada de que o jornal não circularia entre os dias 19 e 23, “em virtude do Carnaval”. Só que, no dia 24, quando os jornalistas voltaram para o trabalho, constataram também que estavam sem internet e foram comunicados de que o jornal não tinha mais condições de circular. Segundo as denúncias, o dono não pediu falência, nem demitiu os jornalistas, afirmando que esperava um contrato para realizar os pagamentos atrasados.

– Depois disso, Tuca Melges, acompanhado da secretária do jornal e do diagramador – atitude inaceitável para um sindicalista –, viajaram para fechar duas edições de Jaú na redação do Bom Dia Bauru (edições de 25 e 26 de fevereiro de 2012). Na sequência, o Bom Dia Jaú para de circular.

– No final de fevereiro e início de março, a redação também é fechada, sem que os jornalistas tivessem qualquer informação sobre os meses de salários não pagos e os depósitos do Fundo de Garantia (FGTS). Os jornalistas – que sequer foram demitidos formalmente – passaram dias em frente ao jornal para tentar, sem sucesso, entrar e pegar seus pertences pessoais e equipamentos, além de arquivos de fotos e textos. Apesar das inúmeras conversas, acabam proibidos pelo patrão Tobgyal de entrar no local, e registram boletim de ocorrência para garantir direitos. Nessa situação extrema, Tuca Melges ficou ao lado do dono do jornal e contrário à manifestação dos jornalistas que deveria defender.

– Pelas informações dos jornalistas de Jaú, Tuca Melges acompanhou desde o início os problemas e a crise que levou ao fechamento do Bom Dia Jaú. Mas nunca passou qualquer informação para a Direção Executiva do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo. Pior: os jornalistas do Bom Dia Jaú inicialmente acreditaram que – apesar de uma relação estreita como o dono do jornal –, como Tuca Melges era diretor do Sindicato dos Jornalistas, iria realmente buscar uma solução para os problemas. “Como sindicalista, acreditamos que estava fazendo algo em prol da gente”, dizem os colegas, agora revoltados com as atitudes de Melges.

– No tempo em que atuou como editor do Bom Dia Jaú, Tuca Melges continuou com seu contrato de trabalho como repórter fotográfico no Comércio de Jaú. “O cara saía do Jornal do Comércio e ia para a nossa redação, onde ficava até 1 ou 2 horas da manhã para fechar o jornal. Enfim estávamos anestesiados pela lábia dele, até porque não tínhamos outra opção no momento”, denunciam os jornalistas do Bom Dia Jaú.

– Um blog noticioso de Jaú dá a notícia (http://teixeiradaradio.com.br/?p=133) e Tuca Melges assume publicamente a defesa da empresa, condenando os jornalistas que queriam entrar na redação. Acompanhe abaixo as notas publicadas no blog até o dia 26/3/2012.

A Diretoria Executiva do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo acredita que as notas publicadas neste site são bastante claras sobre a postura inaceitável de Tuca Melges: defesa de uma empresa que ficou meses sem pagar salários e FGTS, além de explorar os profissionais, e ainda querer enrolar os jornalistas com a busca de uma “solução mediada”. Lamentável!

NOTA DO BLOG TEIXEIRA DA RÁDIO

“Nossa solidariedade
A imagem circulou na rede nesta sexta-feira (foto dos jornalistas, com a inscrição Mau Dia Jaú). Mostra um grupo de jornalistas da franquia de Jaú do jornal ‘Bom Dia’. A publicação estaria passando sérias dificuldades e teria parado de circular. Os funcionários, ou seriam ex-funcionários, querem receber. Deu até ocorrência policial porque os funcionários queriam entrar na redação a retirar objetos pessoais, salvar seus textos que estavam nos computadores e foram impedidos, versão deles. O repórter fotógrafico Tuca Melges, diretor do Sindicato dos Jornalistas para Jaú dá outra versão: os proprietários impediram a entrada porque os jornalistas queriam se apoderar de equipamentos da empresa como garantia de pagamento. ‘Eu os demovi disso dizendo que não é o melhor caminho’, disse Tuca Melges. De qualquer maneira, a nossa solidariedade aos colegas que estão passando por essa situação difícil e que esperamos seja vencida.”
Mensagem 1: Amanda Rocha on março 10, 2012 at 4:59 pm said: 
Estou indignadíssima com as palavras do sindicalista, onde já se viu, isto é infundado, um absurdo!!! Só queríamos pegar o que é nosso, um direito nosso, como os objetos pessoais e intelectuais, tais como fotos e arquivos com textos!!!!!!! Lembrando que não fomos demitidas nem nada ainda, e a novela se arrasta, ngm dá um parecer, só há desinformação. Deixo aqui o meu repúdio a versão do “fotógrafo”.
Mensagem 2: Natasha Gonzales on março 11, 2012 at 3:53 pm said: 
Uma verdadeira falta de respeito com a gente. O Tuca acompanhou todo o nosso problema. E não foi de hoje. Quando o jornal teve a primeira crise, isso logo com três meses de vida, o sindicato interviu para conseguirmos receber o que era nosso por direito. E nessa nova crise, o sindicato presenciou tudo, novamente. Nunca deixamos de trabalhar mesmo sem as condições básicas, como telefone, força e internet. Nunca pensamos em roubar nada, porque não somos ladrões. E o que eu consigo ver, CLARAMENTE, é esse jogo querendo virar, como se nós, funcionários do BOM DIA Jaú fossemos os culpados, e não mais as vítimas… é isso que somos, VÍTIMAS, que durante meses deram o sangue por esse jornal.
Mensagem 3: Tamara Urias on março 12, 2012 at 11:51 am said: 
A posição do orgão que deveria defender a classe é algo injustificável, motivo porque o representante do mesmo acompanhou toda a trajetória, o momento em que a força foi cortada, a falta de pagamento, os jornais empilhados, a falta de gasolina e mesmo assim continuávamos trabalhando. Quase todo dia havia informações de que um contrato seria fechado e que eles iriam nos pagar, até que na sexta -feira de carnaval não havia dinheiro nem para “rodar” o jornal. Um comunicado saiu dizendo que por problemas técnicos este ficaria ausente por alguns dias. Mas quando voltamos a internet havia sido cortada e a edição foi fechada em Bauru pelo pelo próprio sindicalista e diagramadores.
Até agora não foi dado nenhum parecer, no caso do BO o que queríamos era tirar pertences pessoais e intelectuais no qual é de direito. Sobre queremos levar as coisas como garantia, isso é uma infamia. Queremos receber pelo que trabalhamos e o receber se trata de dinheiro já que vivemos em um mundo capitalista no qual temos contas a pagar e precisamos nos alimentar.
Mensagem 4: tuca melges on março 14, 2012 at 1:42 pm said: 
Caros colegas,
Reafirmo meu compromisso com a defesa dos direitos dos trabalhadores do Bom Dia. Acompanhei de perto os ataques sofridos pela redação e também sou solidário aos jornalistas. O episódio da entrada no jornal foi mal intepretado pelos donos do jornal e a situação se agravou. Compartilho da indignação dos colegas, mas entendo que devemos buscar uma solução mediada. É neste sentido que estamos trabalhando. Já solicitamos uma mesa de negociação no Ministério do Trabalho. Esperamos um retorno brevemente.

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