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Barbárie militar precisa ser transformada em memorial de resistência

Barbárie militar precisa ser transformada em memorial de resistência


 

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Entidades pedem que prédio do DoiCoidi  seja referência para manutenção da democracia no 2° Ato Unificado “Ditadura Nunca Mais”

Após 51 anos de repressão de ditadura militar, entidades e movimentos sociais, entre elas, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, se reuniram na sede do DOi-Codi (Av. Tutóia 921) na manhã deste sábado (23), no 2° Ato Unificado “Ditadura Nunca Mais”, para relembrar as atrocidades cometidas durante o regime militar e pedir que o prédio seja transformando em espaço cultural de memória.

No ato em defesa da democracia, que para muitos brasileiros teve pena de prisões, torturas e assassinatos – estima-se que entre 60 e 80 pessoas passaram por lá. Com cartazes “Onde estão os nossos desparecidos?” pediram o desvendamento de cemitérios clandestinos aonde ainda existem muitos corpos.  Intervenções culturais dramatizaram as agruras vividas no período.

Em um momento político de protestos a favor e contra ao regime democrático, a posição foi unanime: Tortura Nunca Mais! As entidades querem que o espaço de “horror” seja transformado em um memorial cultural para que as novas gerações saibam o que é viver em regime militar repressor, no qual as ideias e posições foram oprimidas. Para isso, foi lida uma carta aberta diricionada ao Governador Geraldo Alkmin para que ele transforme o DOI-Codi em um local de memória. Em 2014, o prédio foi reconhecido pelo governo do estado, através do tombamento pelo CONDEPHAAT, como de importância para história de São Paulo.

Na carta, as entidades argumentam que no item 28 do relatório das conclusões e recomendações da Comissão Nacional da Verdade consta a intenção de “preservar, restaurar e promover o tombamento ou criação de marcas de memória em imóveis urbanos ou rurais onde ocorreram graves violações de direitos humanos”. No documento, as entidades explicam que o que se busca é “honrar nossa democracia e os mártires que morreram lutando por ela”.

Um dos organizadores do ato, o ex-preso político José Luiz Del Roio, defende a transformação do local em um espaço para peças teatrais, músicas e outras formas de manifestação cultural. E disse que a melhor forma de combater o fascismo é a cultura. 

denideFlores foram colocadas em frente ao prédio onde brasileiros morreram e sofreram torturas físicas, entre eles, o jornalista Vladimir Herzog. O espaço foi o maior centro de torturas e extermínio no período de 1969 a 1981. Por lá, passaram milhares de prisioneiros e prisioneiras, opositores ao regime da época. Quase todos torturados ferozmente.

A jornalista Denise Fon (na foto ao lado), – do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo – que fez parte dessa luta e hoje é militante da causa, falou sobre a importância do legado para as novas gerações. “Aqueles que não viveram esta época precisam saber o que é ausência de democracia. Sem ela, o caos é instaurado. A barbárie!”

Segundo ela, a transformação do centro de atrocidades cometidas por pessoas que queriam um país democrático precisa ser um sítio de informações. “São Paulo, que foi o maior centro desta violação de direitos humanos precisa resgatar esta história”, diz a anistiada política.

Já o deputado Adriano Diogo (PT/SP), responsável pela Comissão da Verdade e Justiça no Estado, que apura os casos do regime militar, quer que a responsabilidade da Secretaria de Segurança passe para a de Cultura. Ele acredita que dessa forma será possível construir um memorial daqueles que tombaram e lutaram pela democracia no país.

Os participantes também alertaram que violações ainda acontecem nas periferias do país, com crimes cometidos contra pessoas trabalhadoras que são surpreendidas pela atuação militar. Para exemplificar ação que já matou muitos jovens foi citado o movimento “Mães de Maio”, que lutam por justiça e punição para os responsáveis do genocídio instaurado nos subúrbios.


Fotos Douglas Mansur

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