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Ato rememora 60 anos do golpe, pede justiça por Herzog e lança manifesto em defesa do jornalismo e das/os jornalistas

Juliana Almeida - SJSP

Aconteceu na noite desta terça-feira, 2 de abril, no Auditório Vladimir Herzog, na sede do SJSP, ato que rememorou os 60 anos do golpe militar de 1964 e pediu justiça nos casos de Vladimir Herzog e demais jornalistas brasileiros assassinados pela Ditadura Militar, e a punição dos responsáveis por esses crimes.

A mesa foi composta por Thiago Tanji, presidente do SJSP, Sérgio Gomes, jornalista e diretor da Oboré, Sophia Vieira, estudante de jornalismo e diretora do Centro Acadêmico Lupe Cotrim (ECA-USP), Pedro Pomar, jornalista e diretor do SJSP, Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado e ex-deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e Regina Pimenta, jornalista e vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Thiago iniciou sua fala relembrando um evento histórico: o ato que aconteceu no auditório do Sindicato dos Jornalistas na noite de 27 de outubro de 1975, logo após o enterro de Vladimir Herzog (Vlado). Tomado por jornalistas e manifestantes contra a ditadura, o espaço, na sede do sindicato, foi um importante local de mobilização e combate ao regime militar, e serviu para denunciar as prisões de jornalistas que haviam acontecido nos dias anteriores, além de denunciar o assassinato de Vlado por agente do Estado brasileiro. “Nunca é demais relembrar o papel decisivo que a nossa categoria desempenhou naquele momento. Essas companheiras e companheiros, e alguns deles estão aqui conosco hoje, merecem toda a nossa reverência e gratidão. […] Infelizmente, entretanto, estamos reunidos aqui, quase 50 anos depois da morte de Herzog, não apenas para relembrar o passado ou reverenciar o nosso local de memória. Mais do que resgatar a efeméride de 60 anos do golpe militar, a razão pela qual decidimos realizar essa atividade é que, por incrível que pareça, os crimes cometidos pela ditadura militar ainda não foram devidamente esclarecidos e seus responsáveis não tiveram punição. Lutamos por verdade e por justiça para Vladimir Herzog, assim como para tantos outros jornalistas presos, torturados e assassinados pelo Estado brasileiro.”

Leia o discurso na íntegra

Passado e presente

A luta por justiça vem se arrastando há décadas. Sérgio Gomes, representante do Instituto Vladimir Herzog e diretor da Oboré, destacou que apesar de a Corte Interamericana de Direitos Humanos haver condenado o Estado brasileiro por não punir e não investigar a morte de Herzog, poucas adas suas determinações foram cumpridas, como por exemplo, a publicação da sentença no Diário Oficial e garantir a efetiva implementação do mecanismo de prevenção da tortura.

Em longa fala proferida no auditório, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh fez um resgate histórico do período, e pode contar aos presentes com detalhes como foi a luta contra a ditadura. “O ano de 1975 foi de muita repressão, sobretudo contra quem era ligado ao Partido Comunista Brasileiro. Vladimir Herzog não foi o primeiro a ser enforcado. Há outros casos parecidos antes e depois de Herzog, na mesmíssima posição e sob o mesmo enredo”

Greenhalgh observou que o assassinato de Herzog foi extremamente covarde. “Ele deu bom dia à família, tomou café e foi para a Rua Tutóia prestar depoimento [e acabou torturado e morto]. Isso gerou muita indignação na sociedade. O Sindicato dos Jornalistas, sob o comando de Audálio Dantas, liderou a revolta”.

Sophia Vieira, estudante de jornalismo e representante do CA Lupe Cotrim, falou sobre o importante papel dos estudantes que foram parte da resistência à ditadura e da defesa da democracia. Relembrou também a Lei da Anistia concedida pelos militares, que permitiu a impunidade dos torturadores, e defendeu a necessidade de lutar para que os mentores e executores da tentativa de golpe no dia de 8 de janeiro de 2023 não sejam anistiados.

Pedro Pomar, diretor do SJSP, filho de Wladimir Pomar, preso pela ditadura, e neto de Pedro Pomar, assassinado pelo regime em dezembro de 1976, criticou a decisão do governo federal de evitar eventos que rememorem o sexagésimo aniversário do golpe militar. “O presidente Lula erra, redondamente, ao proibir que seus ministros relembrem e repudiem o golpe de 1964 e a Ditadura Militar. Ambos têm que ser estudados, conhecidos e lembrados para que nunca mais ocorram! As Forças Armadas precisam passar por uma profunda reforma democratizante, para que os militares se subordinem ao poder civil. As Polícias Militares precisam ser desmilitarizadas. Chega de tutela militar sobre a sociedade civil!

Leia o discurso na íntegra

Regina Pimenta, vice-presidente da ABI, foi a última a discursar. Ela lembrou sobre o dever que é lutar pelo direito à informação e honrar o legado dos que lutaram antes. “A liberdade de expressão é inegociável. Exigimos a punição dos crimes cometidos contra comunicadores, inclusive as atrocidades nos porões da ditadura”.

No final do ato, foi lido o “Manifesto em defesa do Jornalismo e dos Jornalistas”, redigido pelas entidades promotoras. Um documento que homenageia os profissionais que, assim como Vladimir Herzog, lutaram contra a ditadura e ainda lutam pela democracia. “Este manifesto não é apenas uma lembrança do passado, mas uma convocação ao compromisso com o presente e com o futuro. Honremos a memória daqueles que sacrificaram suas vidas pela liberdade de imprensa, mantendo viva a chama da verdade e da justiça em nossos corações e em nossas palavras.”

Leia o manifesto na íntegra

O ato foi promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Instituto Vladimir Herzog, Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Intervozes, Repórteres Sem Fronteiras, Barão de Itararé, Artigo 19, Oboré Projetos Especiais e Centro Acadêmico Lupe Cotrim (CALC), da ECA-USP.

Assista ao ato completo aqui:

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