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Ato contra massacre de jornalistas na Faixa de Gaza pede ruptura de relações diplomáticas com Israel

Redação - SJSP

Manifesto dos Jornalistas Brasileiros, lido durante ato no Sindicato dos Jornalistas SP, será encaminhado para o governo brasileiro repudiando o genocídio em curso na Faixa de Gaza e pedindo a adesão do Brasil ao boicote e ao desinvestimento contra o Estado de Israel

O Ato contra o Massacre de Jornalistas Palestinos, realizado na noite da última terça-feira, 27/2, reuniu entidades da área da comunicação, organizações políticas e representantes da comunidade palestina no Brasil.

Com transmissão ao vivo pelo canal do Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo (SJSP) e mídias contra hegemônicas, o ato teve a organização das seguintes entidades: Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Cebrapaz, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Coletivo Intervozes, Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), União Nacional dos Estudantes (UNE), assim como o SJSP.

Na abertura do evento, após os hinos do Brasil e da Palestina, Thiago Tanji, presidente do SJSP, ressaltou a relevância da realização do ato em um espaço histórico como é a sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que foi palco da mobilização em defesa dos direitos humanos e pela democracia contra a ditadura militar, e a partir de onde se denunciou a tortura e o assassinato do jornalista judeu Vladimir Herzog, assim como hoje se denuncia o assassinato dos mais de cem jornalistas palestinos em 144 dias de ofensiva bélica de Israel.

Thiago reportou os dados da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), que dão conta de que, desde 7 de outubro, 4 jornalistas israelenses foram mortos – enfatizando que essas mortes devem ser repudiadas e lamentadas pela sociedade e pelas entidades de jornalistas –, bem como 3 jornalistas libaneses e mais de 100 jornalistas palestinos. Para o presidente do SJSP, não é possível tratar o que vem ocorrendo na Faixa de Gaza como um conflito entre duas forças bélicas regulares: “Estamos tratando aqui de uma sistemática política coordenada por Israel de apagar o povo palestino do mapa, tentando desumanizar as tantas e tantas vítimas de ataques por terra e dos bombardeios israelenses. Como jornalistas, precisamos levar com clareza à sociedade que, quando companheiras/os denunciam uma ideologia supremacista sionista – que lamentavelmente embasa a política do Estado de Israel –, não é correto e não é preciso realizar uma associação automática à religião judaica e aos membros desta comunidade.”

Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), afirmou que o que se passa na Faixa de Gaza é a maior matança de jornalistas da história das guerras convencionais. Para ele, matar jornalistas significa tentar apagar da face da terra as testemunhas privilegiadas de um genocídio, para que as provas e indícios dos “crimes de lesa-humanidade” desapareçam.

Ao comentar a perseguição que figuras públicas estão sofrendo no Brasil, por denunciarem as ações do sionismo, Rabah afirmou: “É o primeiro crime de genocídio programado e incitado a partir dos veículos de comunicação, o que ocorreu já no dia 7 de outubro. Nunca houve –  senão o que foi registrado recentemente no continente africano, em Ruanda. E lá, sentaram nos bancos dos réus os grandes veículos de comunicação. Não é possível que só os genocidas degenerados de Israel respondam por esse genocídio.”

Soraya Misleh, filha de palestinos e coordenadora da Frente em Defesa do Povo Palestino, ao falar do assassinato dos jornalistas na Faixa de Gaza, afirmou que esse genocídio atravessa décadas. Soraya alertou: “Essa não é uma guerra pontual ou de circunstâncias, não é uma guerra Hamas x Israel, é um genocídio, como parte da tentativa de solução da nova fase da Nakba, a catástrofe, cuja pedra fundamental é a formação do Estado racista e colonial de Israel em 1948, mediante uma limpeza étnica planejada”.

Paulo Zocchi, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), destacou que, no massacre em curso na Faixa de Gaza, os jornalistas são um alvo específico, que o Estado de Israel persegue. “Numa guerra, num conflito, o jaleco de jornalista, o capacete de jornalista, deveria ser um equipamento de segurança do profissional, mas na Faixa de Gaza ele é um alvo. Na Segunda Guerra Mundial inteira, morreram 69 jornalistas; na Faixa de Gaza, já morreram mais de 100 jornalistas.”

Zocchi defendeu a declaração recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificando como genocídio os acontecimentos na Faixa de Gaza, e disse que, para barrar o prosseguimento do massacre, é preciso dar um passo além: o fim de todos os acordos militares, comerciais e educacionais com os israelenses, e a ruptura de relações diplomáticas com Israel, com a intenção de isolar internacionalmente o estado sionista.

Fechando o ato, Breno Altman, jornalista do portal noticioso Opera Mundi, que vem sofrendo ataques e tentativa de censura por parte de organizações sionistas no Brasil, deu destaque à valentia heroica e insurgente do povo palestino, que resiste por décadas contra o Estado de Israel. Para Altman, esse processo deve inspirar a todos na luta contra o colonialismo e racismo, que só podem ser derrotados com a luta dos povos.

Sobre a declaração do presidente Lula, Altman explicou: “O fato novo é que ele colocou o dedo na ferida exposta do regime sionista, que é a comparação com o nazismo. É este o fato fundamental. O presidente Lula enfrentou um tema que outros líderes mundiais, até o presente momento, se recusavam a tratar: o mito fundacional do regime sionista é o Holocausto. A apropriação e a manipulação da lembrança do Holocausto é que permitiu a própria existência do Estado de Israel. Um momento de enorme comoção mundial, em função do massacre dos judeus nos campos de extermínio na 2ª Guerra Mundial. Como é possível que um regime que tem como sua pia batismal o Holocausto, utilize – protegido pelo álibi do Holocausto – os mesmos métodos, as mesmas práticas que o nazismo contra um outro povo? Esta é a contradição mais brutal do regime sionista.”

No encerramento do ato, o presidente do SJSP, Thiago Tanji, leu um Manifesto dos Jornalistas Brasileiros, apresentado pelas entidades organizadoras do evento, e que será direcionado ao governo brasileiro.

Confira o vídeo completo do Ato no Canal do YouTube do Sindicato

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