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Ato contra censura vira manifestação em defesa da democracia

Ato contra censura vira manifestação em defesa da democracia


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Participantes defendem mobilização popular nas ruas contra o golpe

 

O que seria um ato contra a tentativa da Rede Globo de Televisão de censurar blogs e mídias alternativas, realizado na noite de segunda-feira (7) no auditório Vladimir Herzog, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no estado de São Paulo, transformou-se em uma manifestação em defesa da democracia, da liberdade de imprensa e contra o golpismo.

A atividade, organizada pelo Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé  e que lotou o auditório da entidade, teve a presença dos principais nomes da blogosfera, mas também de respeitados parlamentares como os senadores Lindbergh Faria (PT/RJ), Roberto Requião (PMDB/PR) e os deputados federais Paulo Pimenta (PT/RS) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), além do jurista Marcelo Lavenère e a dirigente da CUT e do FNDC, Rosane Bertotti.

O presidente do Sindicato, Paulo Zocchi, reafirmou que a categoria se sente honrada em receber a manifestação no auditório Vladimir Herzog, que há 40 anos é um espaço para a luta democrática e que o país vive um momento político muito grave, com ataques ao mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.

“O que eles pretendem é a abertura do pré-sal para as multinacionais”, avalia Zocchi. “Mas eles querem também liquidar com o patrimônio público,  com a Previdência Social, além de desmantelar os direitos trabalhistas. O Sindicato tem o dever de defender os jornalistas e se coloca contrário ao monopólio dos meios de comunicação, pois ele é prejudicial ao mercado de trabalho. A Rede Globo, que conduz a bancada patronal, – e estamos em plena campanha salarial – oferece um reajuste de 6% contra uma inflação de 11% e faz uma exploração feroz sobre o trabalho dos jornalistas. O Sindicato enfrenta diariamente o poder econômico da Rede Globo. Por isso, a diretoria do Sindicato é contra qualquer tipo de censura e defende a liberdade de expressão”, diz ele.

Já o secretário geral da Fenaj, José Augusto Camargo (Guto), também analisou o grave momento político que o Brasil atravessa. “Eles fazem um movimento orquestrado para atacar os fundamentos da democracia. É um ataque à soberania nacional. O Sindicato dos Jornalistas e a Fenaj estão lado a lado com o movimento social para resistir ao golpe e consolidar a democracia”.

 

Nas ruas contra o golpe

Os participantes avaliaram também que a mobilização popular nas ruas é a principal arma para defender a democracia, contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e os abusos da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Estou muito preocupada, porque não acho que o cerco vá diminuir. Na sexta-feira (4), a Folha de S.Paulo já estava em São Bernardo do Campo antes de a polícia chegar”, afirmou a deputada federal Jandira Feghali, em referência à ação coercitiva contra o ex-presidente Lula. “Na edição do Jornal Nacional de quinta-feira (3) já estava nítido que ia acontecer alguma coisa. Nós precisamos botar muito mais gente nas ruas. Precisamos ter o mundo cultural. Vocês são fundamentais para produzir opinião para disputar essa narrativa”, afirmou.

“Temos de mobilizar todos os que têm o Brasil no coração para quebrar a hegemonia da direita. Temos de sustentar com mobilização e pressão nas ruas”, disse o senador Requião. Ele destacou que há “alguma coisa no ar além dos direitos inscritos na Constituição, que foram arrasados na prisão desnecessária do companheiro Lula”, e identificou a questão de base da luta política como um ataque no mundo pelo domínio de Mamon – palavra de origem hebraica que representa o poder do dinheiro.

“A pressão pela privatização do petróleo vem dos países ricos e fortes que querem o domínio das reservas. As Sete Irmãs (empresas que detêm o monopólio do petróleo no mundo) não vão investir sem essa pressão. Depois que os Estados Unidos inventaram o shale gas (gás de xisto), isso ocorreu na busca do domínio das reservas. O petróleo não é só o combustível que move 95% dos transportes no mundo, mas tem mais de 3 mil derivados, que influenciam a indústria”, afirmou Requião.

Para o senador, a alternativa de direita só deixa ao Brasil a privatização e a globalização “por tolice ou entreguismo comprado”. O senador lembrou o caso do WikiLeaks, que denuncia conversa do senador José Serra (PSDB-SP) com executivos da Chevron, assumindo o compromisso de entregar o pré-sal. E também não se poupou de criticar a mídia tradicional: “O que nós vemos é a imprensa fazendo a crítica da Petrobras, e não dos ladrões da Petrobras. O que querem é entregar a Petrobras a um dos sete bandidos, das Sete Irmãs”, afirmou. “A mídia é instrumento de precarização do Estado, do Congresso e das leis trabalhistas.”

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Marcelo Lavenère, que era o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na época do impeachement do ex-presidente Fernando Collor, pediu desculpas e disse estar com vergonha com a violação da Constituição, da Democracia e da Ordem Política do país de alguns setores do Judiciário.

O jurista lembrou que o único capítulo da Constituição que não foi regulamentado foi o da Comunicação Social. “Desde 1988 não consegue se regulamentar uma linha. Não queremos censura, nós queremos uma comunicação social aberta, plural e não propriedade cruzada e não o monopólio”, destacou.

Lindbergh Farias se disse preocupado com os efeitos da crise política na economia do país. “Nós temos uma recessão de 3,8% (desempenho negativo do PIB no ano passado), e não sou eu que estou dizendo, mas as consultorias, de que perto de dois pontos percentuais desse recuo estão ligados à Operação Lava Jato”, afirmou.

“Quero que investigue tudo, nós não somos contra a investigação, mas têm de ser investigações sóbrias”, continuou o senador. “Agora, do jeito que estão fazendo, nesse espetáculo junto com a Rede Globo e a revista Veja, essa associação com setores do aparato do Estado, o Ministério Público, a Polícia Federal, o Judiciário, estão ferindo o Estado democrático de direito, o que eles querem é a restauração do neoliberalismo”, acrescentou Lindbergh.

A secretária de Formação da CUT e coordenadora do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação (FNDC), Rosane Bertotti, também convocou as ruas para a defesa da democracia e da soberania do país. “Nós precisamos construir uma grande força-tarefa, porque para enfrentar esse monopólio da Globo temos de ir para a rua sim, mas nós também temos de usar da ferramenta jurídica, temos de olhar cada publicação que eles fizerem que for mentira, e temos de denunciar e ir para a Justiça também”, afirmou Rosane, que defendeu a composição de um coletivo de parceiros para prestar assessoria jurídica.


Manifestações

Os participantes estão chamando uma manifestação para o próximo dia 13, na praça Roosevelt, no centro de São Paulo, denominada “Sem Medo de ser Feliz” e também na frente da Rede Globo em São Paulo

 

 


 

Da redação, com informações da Rede Brasil Atual e CUT – Fotos de Cadu Basilevski

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