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Até quando os assassinos de jornalistas palestinos continuarão impunes?

Por Wisam Zoghbour*

O falecido Gershon Knispel** escreveu: “Na guerra, a verdade é a primeira vítima”…

O Estado de Ocupação Israelense habituou-se a matar a verdade e ocultar seus significados e registros, através do direcionamento sistemático de jornalistas durante seu trabalho de campo, sem se importar com o direito internacional, humanitário ou com leis de direitos humanos, nem com liberdades públicas, direito à opinião e liberdade de expressão.

A entidade sionista, como ocupante, continua em sua agressão e guerra aberta contra os jornalistas palestinos que representam a verdade ao documentar os crimes de genocídio na Palestina, especialmente em Gaza, que testemunha crimes de guerra diários contra o povo palestino, com mais de 120 mil palestinos, entre mártires, desaparecidos e feridos, e mais de 70% das propriedades dos cidadãos destruídas, paralisando completamente a infraestrutura de saúde do enclave.

Esses jornalistas, como todos os outros filhos do povo palestino, tornaram-se alvos do exército de ocupação israelense, especialmente porque documentam os crimes de genocídio em Gaza, onde o número de jornalistas mártires atingiu 143** desde o início da guerra israelense em Gaza até o terceiro de maio, coincidindo com o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, como documentado pelo Sindicato de Jornalistas Palestinos.

É certo que a continuidade da impunidade do Estado de Ocupação Israelense os incentiva a cometer mais crimes de genocídio contra os jornalistas, e é igualmente claro que a procrastinação do Procurador-Chefe do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, em abrir uma investigação independente sobre os crimes da ocupação, especialmente após a descoberta de dezenas de valas comuns em Gaza, ou emitir mandados de prisão contra criminosos de guerra israelenses, em particular contra o primeiro-ministro da ocupação, Benjamin Netanyahu, e seus líderes de guerra, incentiva esse governo a persistir em sua agressão e guerra aberta contra o povo palestino e especialmente contra os jornalistas.

Por uma estranha coincidência, os Estados Unidos são parceiros do Estado de Ocupação na agressão ao povo palestino e no financiamento e apoio aos crimes de genocídio. Testemunhamos, neste momento, uma revolta popular que começou nas mais antigas universidades estadunidenses, mas o governo trabalha para reprimir os protestos estudantis e restringir liberdades e direitos humanos, especialmente o direito à opinião e à liberdade de expressão. Eles deliberadamente buscam ocultar a verdade e silenciá-la perseguindo jornalistas e os impedindo de documentar a revolta nas universidades, violando assim os direitos humanos e as liberdades.

O Estado de Ocupação Israelense não se contenta em atacar jornalistas palestinos durante seu trabalho de campo, embora muitos deles usem equipamentos de segurança profissional, como coletes à prova de balas e capacetes que os identificam, mas também os atacam em suas casas com suas famílias, como documentam relatórios e estatísticas divulgados pelo Sindicato de Jornalistas Palestinos indicam que 77 casas pertencentes a jornalistas foram destruídas, e mais de 30 civis de famílias de jornalistas foram mortos, e outros ficaram feridos, numa tentativa desesperada de silenciar e perseguir a voz da verdade e prejudicar o papel heroico dos jornalistas em documentar os crimes de genocídio em Gaza.

A agressão a jornalistas, suas residências e locais de trabalho tornou-se sistemática por parte das forças de ocupação israelenses, resultando na destruição de cerca de 86 escritórios e instituições de mídia em Gaza até o momento da redação deste artigo. Enquanto isso, os crimes de genocídio continuam diariamente sem interrupção, com suas aeronaves, especialmente drones, perseguindo jornalistas de todas as formas, resultando na morte de alguns e no ferimento de outros.

Apesar dos riscos, das dificuldades e do direcionamento deliberado contra jornalistas palestinos e suas famílias como alvos, na tentativa de silenciá-los e prejudicá-los, os jornalistas continuarão desempenhando seu papel, escrevendo com sangue em prol da Palestina, testemunhando os sacrifícios que enfrentam no exercício de suas funções e defendendo o futuro de seus filhos. Eles permanecerão documentando e revelando a verdade, expondo as práticas e os crimes do Estado de Ocupação sem desanimar ou desistir. Continuarão a personificar a frase de sua colega jornalista, Shireen Abu Akleh: “Não é fácil mudar a realidade, mas pelo menos consegui fazer com que minha voz fosse ouvida pelo mundo”, enquanto seus assassinos permanecem impunes.

E, por fim, deter os crimes de genocídio em Gaza e interromper o ataque direto aos jornalistas palestinos é uma missão humanitária que recai sobre a comunidade internacional, instituições globais e os defensores da liberdade em todo o mundo. Perseguir e julgar os criminosos de guerra israelenses, e garantir que não escapem impunes pelos crimes cometidos contra os jornalistas e suas famílias permanece uma missão atribuída às organizações internacionais, especialmente aquelas dedicadas à defesa dos direitos humanos e da liberdade de imprensa, até que esses assassinos sejam detidos e levados a julgamento.

Nota:

**Refere-se ao artigo de Amyra El Khalili, “O genocídio em Gaza – pela memória dos que já não podem mais falar”.  Portal Oficial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, https://sjsp.org.br/o-genocidio-em-gaza-pela-memoria-dos-que-ja-nao-podem-mais-falar/

***Em 1º de maio de 2024, as investigações preliminares do Committee to Protect Journalists – CPJ mostraram que pelo menos 97 jornalistas e trabalhadores da mídia estavam entre os mais de 35 mil mortos desde o início da guerra, em 7 de outubro. O banco de dados não inclui todas as vítimas até que sejam concluídas investigações adicionais sobre as circunstâncias que as cercam. Ocorre que Israel impede a presença de investigadores internacionais independentes, mas o Sindicato dos Jornalistas Palestinos tem a contagem junto às famílias e às autoridades palestinas locais, atualizando esses dados junto às Embaixadas Palestinas. Daí a discrepância entre os números divulgados, que são de 100 a 150 jornalistas.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas é uma organização independente e sem fins lucrativos que promove a liberdade de imprensa em todo o mundo. Defendemos o direito dos jornalistas de divulgar as notícias com segurança e sem medo de represálias.

Wisam Zoghbour*, é Diretor do escritório da Revista Liberdade em Gaza, e membro do Secretariado Geral do Sindicato dos Jornalistas Palestinos

Edição de Texto: Alexandre Rocha

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