Com o encerramento das atividades do jornal DCI, que circula pela última vez nesta segunda-feira (23), os jornalistas e trabalhadores administrativos do veículo aprovaram conjuntamente na terça-feira (17) um plano de compensação com condições similares ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) praticado em dezembro passado. Os jornalistas obtiveram 4,78% de reajuste nos salários e nas verbas rescisórias retroativo à data-base de 1º de junho, a inclusão do pagamento da PLR de 2019, a extensão do plano de saúde no acordo e garantiram que a homologação seja feita no Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP). O plano de compensação também recebeu reajuste de 4,78% em relação aos valores negociados anteriormente.
O Sindicato dos Jornalistas foi procurado pela empresa na segunda-feira (16) para negociar a demissão dos 13 jornalistas do veículo devido ao encerramento de suas atividades. O SJSP protestou contra o anúncio de fechamento em cima do prazo por dificultar uma negociação que atendesse plenamente às demandas dos trabalhadores e trabalhadoras.
O DCI, que reduziu drasticamente seu quadro de jornalistas em dezembro de 2018, passava por uma reestruturação para que o veículo se mantivesse, ao menos, no plano digital. Para que isso fosse possível, negociava com investidores que, diante das recentes Medidas Provisórias 892 e 896 editadas por Bolsonaro que desobrigam as empresas de publicar balanços e editais em veículos de imprensa, avaliaram que o cenário econômico para a continuidade do jornal tornou-se fortemente instável e, por isso, retiraram-se do negócio. Embora não tenham afetado imediatamente o caixa da empresa, as MPs reduziram as perspectivas para o DCI atingindo a principal fonte de financiamento – o que contribuiu para que a direção decidisse pelo fechamento da empresa.
A respeito do plano em discussão, Paulo Zocchi, presidente do SJSP, lembrou em assembleia com a categoria que as condições apresentadas são as mesmas previstas no Plano de Demissão Voluntária de 2018, fruto de uma construção coletiva, que foi amplamente debatido e negociado com os jornalistas do DCI. Zocchi reiterou que a aprovação do plano é coletiva, mas a adesão é individual, uma vez que quem aderir dá quitação total da relação de trabalho, ou seja, não pode ingressar com nenhuma ação judicial requerendo direitos e nem pode se beneficiar de eventual ação coletiva. “Frente à dificuldade de fechamento da empresa, o plano aprovado é o melhor já obtido pelo sindicato em situação de demissão coletiva”, declarou Zocchi.
Além das verbas rescisórias e direito de demissão sem justa causa com pagamento de multa de 40% sob o FGTS e seguro-desemprego, os trabalhadores recebem o pagamento de meio salário por cada seis meses trabalhado; vigência do plano de saúde até o final do aviso prévio projetado e o pagamento equivalente a mais seis meses do benefício; R$ 1 mil a título de verba de qualificação profissional e a possibilidade de manutenção do plano odontológico por 1/3 do tempo de contribuição, desde que o trabalhador assuma o pagamento.